Daqui até 30 de outubro
George Gomes Coutinho **
Nestes últimos 6 dias até o segundo turno @s democratas
brasileir@s lidam com uma tarefa verdadeiramente difícil. Se trata de eleição
que demonstra intenção de votos apertada entre Lula e Bolsonaro. Há sim empate
técnico. Na conjuntura também nos deparamos com o descontrole do mercado
paralelo de produção/circulação/consumo de informações. Este mercado me lembra
a “robauto”, aquela feira de peças de automóveis que ocorria na baixada
fluminense. Era tudo roubado. Mas, isso não impedia que “cidadãos de bem”
fossem comprar seu toca-fitas por lá.
Neste cenário TUDO é importante. Ações de impacto macro
são absolutamente relevantes. O corpo a corpo, o diálogo amistoso, este espaço
micro é também igualmente relevante. Eleição disputada é decidida voto a voto.
Não cabe negligenciar nenhuma oportunidade.
Usar adesivo conta? Muito. Na camiseta, no caderno, na
moto, na bicicleta, na porta do apartamento. Ajudar nas mobilizações de rua
ajuda? Pra caramba! Cada qual dentro de suas possibilidades. Contudo, a
mobilização de rua, pessoas com bandeiras, bonés, camisetas, sorrisos, tudo
isso provoca uma sensação de acolhimento para o eleitor. Faz com que ele se
sinta parte daquele movimento coletivo. Pertencimento e política de massas
andam como mão e luva.
Tá, e a mobilização virtual? É super importante. Aderir a
hashtags, postar material pró-Lula e pró-democracia, fazer circular memes.
Assistir e divulgar lives da frente ampla democrática. É tudo absolutamente
relevante. Lembre-se do seguinte: estamos na eleição do voto de cabresto. Muita
gente está sendo coagida por seus patrões (e por políticos no interior) a
votarem em Bolsonaro. Se você pode expressar sua preferência sem risco de sanções,
oras, deixe de bundamolismo e vá pra luta!
De todo modo, doe em prol da causa. Pode ser tempo. Pode
ser dinheiro também (procure os canais aptos para doar para a campanha de Lula).
“Ain... eu quero pautar todos os apoiadores.. ain...
livrinho em L é coisa de menina moça...”... Porra, se trata de uma frente ampla
plural e descentralizada. Os grupos vão expressar seu apoio de diferentes
maneiras. Vai ter gente fazendo a discussão pró-economia (crescimento, salário
mínimo, aposentadorias, etc.) e é maravilhoso. É o lado mais robusto do legado
de Lula. Vai ter gente fazendo L com livro? Vai! Isso fideliza as classes
médias cosmopolitas que estão nauseadas com a barbárie. Vai ter cristão
progressista lembrando que o bolsonarismo é anti-cristão? Também!
O que devemos tomar cuidado é com as pautas de costumes e
intervenções públicas desastrosas. O sarrafo abaixou muito em termos de
discussão pública, o moralismo corre solto e a serpente chocou faz tempo. Então,
excetuando performances que choquem o público conservador, de resto tá valendo.
Há “Lulas” para consumo no mercado político. O Lula vovô e bisavô, o Lula
metalúrgico, o Lula do churrasco, o Lula descolado com o boné da CPX, o Lula
que adora criar universidades, O Lula sindicalista, o Lula tiozão divertido, o Lula
do Obama, o Lula estadista. Lula e suas mil faces, o que permite plasticidade
do uso de sua imagem. Por isso conta muito a sensibilidade. Lula é versátil o
suficiente para diferentes tipos de público. Então, no diálogo com grupos e
indivíduos não fanatizados, procure falar do Lula adequado ao contexto do
interlocutor.
Por fim, não gaste saliva com os que demonstram ser parte
do Exército de Jair. Muitos destes não são mais aqueles que estavam zangados
com o PT e deram um voto de protesto em Jair. Hoje estes são adeptos de um
cristianismo pró-violência e de múltiplas expressões de autoritarismo. Há o
estranho nacionalismo cristão.. consideram que há a necessidade de efetuarem
uma limpeza da sociedade (eliminando esquerda, LGBT´s, negros, moradores das
favelas, indígenas, movimentos sociais, etc..). Defendem a lei do mais forte, Golpe
de Estado, fechamento da Suprema Corte, fim de direitos (consideram estes últimos
privilégios). Abraçaram a extrema direita com o fervor de um Taleban. Inclusive
lembra aquela vovó bonitinha que “jamais poderia ser fascista”? Então, essa vovozinha
hoje quer comprar uma pistola e defende estripar seus inimigos em praça
pública. Não perca tempo. Mire nos indecisos. Mire nos eleitores do Ciro que
fazem defesa do voto nulo se estes permitirem conversa (até porque o cirismo
acabou se apresentado em parte, talvez metade dos seus eleitores, em apenas uma
linha auxiliar do antipetismo. Acho que a galera do PND já aderiu ao trabalho
da Frente Ampla).
Tudo isso em prol da democracia. O Brasil é estratégico
na luta contra a extrema direita no sistema internacional. Fora isso, um país
periférico como o nosso não tem as salvaguardas necessárias para proteger sua
própria população em mais 4 anos de bolsonarismo. Vamos lutar com gana pela
vitória! Não será fácil, ninguém disse que seria, mas é por nós e pelas futuras
gerações. FORA BOLSONARO!
* Boxing Painting Round 2 - Joe Zucker. Disponível em: https://www.brooklynmuseum.org/opencollection/objects/148761, acesso em 24 de outubro de 2010.
** Professor da área de Ciência Política no Departamento de Ciências Sociais da UFF-Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail para contato: georgec@id.uff.br.