Publicado originalmente no Blog do Pedlowski[1]
No último domingo, a jornalista Paloma Saavedra
publicou uma daquelas simpáticas matérias sobre a intenção do atual governo do
Rio de Janeiro de fazer o nosso estado um
primeiro laboratório de aplicação da draconiana reforma da
Previdência que foi encaminhada ontem ao Congresso Nacional pelo presidente
Jair Bolsonaro.
Nas palavras do atual presidente do fundo de
previdência dos servidores públicos estaduais do Rio de Janeiro, o Sr. Sérgio
Aureliano, colocar 200 mil servidores dentro de um modelo de capitalização
semelhante ao que foi criado para os servidores que entraram no serviço público
estadual após 2013.
Entretanto, o que o Sr. Aureliano parece esquecer
de mencionar é que uma das causas originárias do desiquilíbrio das contas do
RioPrevidência foi a chamada “Operação
Delaware”, que se tratou de uma operação para lá de exótica e que
comprometeu estruturalmente a saúde financeira do fundo.
Para mim, a primeira responsabilidade do governo
Witzel seria finalmente ordenar uma auditoria séria sobre como foi possível
para os ex-governadores Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, com a ajuda
prestimosa do ex-secretário de Fazenda Gustavo Barbosa, realizarem uma operação
de captação de recursos num
paraíso fiscal corporativo que de fato é o minúsculo estado de Delaware cujo
epicentro no caso do RioPrevidência é a cidade de Wilmington.
Aliás, o governo Witzel já deveria ter acionado sua
base parlamentar para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para apurar o destino dos mais
de US$
3,1 bilhões que foram “captados” em Delaware por meio do
chamado “Rio Oil Finance Trust”, bem como o custo mensal que a operação vem
causando aos cofres do RioPrevidência.
Sem a realização do longamente devido processo de
auditagem do RioPrevidência e da “exótica” Operação Delaware, é inadmissível
que se queira aprofundar ainda mais o garrote no pescoço dos servidores
públicos estaduais do Rio de Janeiro. E quem quiser começar a pesquisa aqui
mesmo neste blog, constatará que a partir de abril de 2016, publiquei dezenas
de postagens sobre esse assunto. Lamentavelmente, até hoje, ninguém decidiu
apurar as responsabilidades que aparecem nas pesquisas que realizei sobre a
“Operação Delaware”.
E aos servidores estaduais e seus sindicatos não
restam outro caminho a não ser ocupar as ruas e as galerias da Alerj para
impedir a completa desconstrução do RioPrevidência que, segundo os planos do
seu atual presidente, deverá passar a ser totalmente transformado num fundo de
capitalização, levando para lá 200 mil servidores, muitos deles depois de
contribuírem por décadas. Do contrário, o destino será servir de bucha de canhão
para alimentar a fome de dinheiro dos donos dos fundos abutres que hoje
controlam o RioPrevidência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário