domingo, 3 de setembro de 2017

UFF – 55 anos em Campos

UFF – 55 anos em Campos*

George Gomes Coutinho **

Campos dos Goytacazes se tornou neste início de século o maior pólo universitário do interior do estado do Rio de Janeiro, somando cursos de graduação e pós-graduação das instituições públicas e privadas aqui instaladas. É uma vantagem estratégica formidável. Estamos falando de geração de um capital humano para Campos e regiões vizinhas de valor incomensurável. São os egressos que operacionalizam políticas públicas, agregam valor aos processos produtivos, formam outros agentes nos processos de educação formal e geram cultura. O capital humano de alto valor agregado tem impactos que são multivariados, embora nem sempre mensuráveis de maneira imediata.

Porém, este processo complexo de formação ocorre tijolo após tijolo, não é exatamente visível como a inauguração de um viaduto ou avenida e tampouco costuma mobilizar a atenção cotidiana fora do circuito acadêmico. Não é espetacularizado. Deriva do trabalho contínuo e discreto de ensino, pesquisa e formação de todos(as) os(as) envolvidos(as), passando por estudantes, técnicos, setor administrativo e, obviamente, docentes.

Por essa razão, olhando em retrospectiva e mirando tanto o presente quanto o futuro, a cidade deve comemorar junto de nossa comunidade acadêmica os 55 anos de instalação da UFF em Campos dos Goytacazes. São 55 anos de história institucional onde formaram-se algo em torno de 5.500 assistentes sociais que atuam em Campos, no RJ e em outros estados brasileiros. Consoante à idéia de que processos de construção de uma ampla estrutura de formação e de conhecimento são paulatinamente alicerçados, o curso de Serviço Social merece todo reconhecimento por ter sido em décadas o único curso público, gratuito e de qualidade em uma cidade que guarda em seu histórico o lastro de ser brutalmente excludente. Trata-se de uma trincheira aberta pelo curso e por seus profissionais que considero altamente subversiva dado o contexto. Hoje existe na cidade uma rede complexa e diversa de ensino público superior gratuito federal e estadual. Contudo, não custa lembrar: há entre nós o Serviço Social que é, a um só tempo, combativo antecessor e contemporâneo nesta trajetória.

* Texto publicado no jornal Folha da Manhã em 02 de setembro de 2017


** Professor de Ciência Política no Departamento de Ciências Sociais da UFF/Campos dos Goytacazes

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