UFF – 55 anos em Campos*
George
Gomes Coutinho **
Campos dos Goytacazes se tornou
neste início de século o maior pólo universitário do interior do estado do Rio
de Janeiro, somando cursos de graduação e pós-graduação das instituições
públicas e privadas aqui instaladas. É uma vantagem estratégica formidável. Estamos
falando de geração de um capital humano para Campos e regiões vizinhas de valor
incomensurável. São os egressos que operacionalizam políticas públicas, agregam
valor aos processos produtivos, formam outros agentes nos processos de educação
formal e geram cultura. O capital humano de alto valor agregado tem impactos
que são multivariados, embora nem sempre mensuráveis de maneira imediata.
Porém, este processo complexo de
formação ocorre tijolo após tijolo, não é exatamente visível como a inauguração
de um viaduto ou avenida e tampouco costuma mobilizar a atenção cotidiana fora
do circuito acadêmico. Não é espetacularizado. Deriva do trabalho contínuo e
discreto de ensino, pesquisa e formação de todos(as) os(as) envolvidos(as),
passando por estudantes, técnicos, setor administrativo e, obviamente,
docentes.
Por essa razão, olhando em
retrospectiva e mirando tanto o presente quanto o futuro, a cidade deve
comemorar junto de nossa comunidade acadêmica os 55 anos de instalação da UFF
em Campos dos Goytacazes. São 55 anos de história institucional onde formaram-se
algo em torno de 5.500 assistentes sociais que atuam em Campos, no RJ e em
outros estados brasileiros. Consoante à idéia de que processos de construção de
uma ampla estrutura de formação e de conhecimento são paulatinamente
alicerçados, o curso de Serviço Social merece todo reconhecimento por ter sido em
décadas o único curso público, gratuito e de qualidade em uma cidade que guarda
em seu histórico o lastro de ser brutalmente excludente. Trata-se de uma
trincheira aberta pelo curso e por seus profissionais que considero altamente
subversiva dado o contexto. Hoje existe na cidade uma rede complexa e diversa
de ensino público superior gratuito federal e estadual. Contudo, não custa
lembrar: há entre nós o Serviço Social que é, a um só tempo, combativo
antecessor e contemporâneo nesta trajetória.
* Texto publicado no jornal Folha da Manhã em 02 de setembro de 2017
** Professor de Ciência Política no
Departamento de Ciências Sociais da UFF/Campos dos Goytacazes
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