segunda-feira, 20 de maio de 2019

Um convite para sairmos dos clichês sobre educação superior – diálogo com o editorial “Idiotia Útil” do jornal Folha de São Paulo


Um convite para sairmos dos clichês sobre educação superior –  diálogo com o editorial “Idiotia Útil” do jornal Folha de São Paulo


George Gomes Coutinho


O editorial publicado na última sexta-feira na Folha de São Paulo intitulado “Idiotia Inútil”[1], apresentou uma breve análise sobre os descaminhos da tensa relação estabelecida entre o governo Jair Bolsonaro e os grupos sociais que se engajam no enfrentamento dos gargalos da educação brasileira em seus diferentes níveis é, no mínimo, oportuno. Afinal, o que está posto não é de pouca monta. Podemos dizer sem maiores dificuldades que escamoteado sob o eufemismo “contingenciamento” se oculta um projeto bárbaro, uma demonstração brutal de força ao mesmo tempo metódica, sistemática e destruidora contra um outro projeto concorrente consensual em termos de tema e difuso em objetivos e metas onde não se vislumbra um Brasil do século XXI sem pesados investimentos nas instituições e estabelecimentos de ensino público, englobando de universidades até as creches.

Não custa lembrar, tal como um mantra, que o nosso século é o século do conhecimento. Não investir em educação, o que envolve estimular a solução criativa, analítica e cotidiana de problemas, simplesmente implica na opção em não preparar enormes contingentes da população para os desafios já presentes no mercado de trabalho e na sociedade. É curioso que se reapresente uma opção histórica persistente de parte da sociedade brasileira que reedita o desumano processo de encerramento da escravidão formal no Brasil do século XIX: desescravizem os cativos sem crédito, sem terra, sem educação formal. Que se virem. As consequências foram e são trágicas como bem sabemos dado este que é um dos mais cruéis passivos sociais do mundo ocidental. Da mesma maneira no Brasil contemporâneo o trabalho manual de baixa qualificação e subalterno é igualmente abolido de maneira gradual, o que permitiria uma outra desescravização do trabalho monocórdico. Todavia, me parece que parte das elites econômicas e sociais brasileiras não assimilaram suficientemente os aprendizados oriundos de 1888. E, claro, decorar a fórmula da água ou tabuada é insuficiente perante os desafios que os desalentados enfrentam/enfrentarão.

Retomando a arquitetura da destruição que subjaz ao que vivenciamos na atual conjuntura, as razões do pesado investimento libidinal por parte do governo e de setores da sociedade brasileira contra as instituições de ensino são diversas e mapeáveis. Há uma miríade de humores. Desde a espantosa idolatria de um determinado grupo da sociedade a um senhor que se autoproclama “filósofo”, e é simplesmente ignorado pelo circuito da filosofia profissional brasileira, até os ultraliberais que defendem a privatização selvagem de todas as instituições e estabelecimentos de ensino. Estes últimos esquecem que no caso do ensino superior as opções fornecidas pelo mercado já existem e dadas as configurações de trabalho prediletas do patronato nativo, onde devemos optar entre direitos ou algum salário, os mesmos simplesmente contribuem de maneira francamente minoritária com a produção de conhecimento. Se hoje somos o 13º lugar mundial na produção científica disponível em artigos segundo a empresa norte-americana Science-Metrix[2], isto se deu com contribuição modesta do empresariado do ensino superior, o que inclui a irmã do atual Ministro da Economia, o senhor Paulo Guedes.

Sem dúvida o editorial da Folha é contribuição relevante ao suscitar questões e reflexões para este debate complexo. Contudo esbarra no mimetismo, no constrangedor senso comum mais preguiçoso acerca do que deve ser o ensino superior avançado brasileiro ante os desafios de nosso século. O desfecho do editorial é particularmente desastroso. Uma das questões curiosas: o que significa “excesso de politização”? Seria possível citar dentre as melhores instituições universitárias ao redor do mundo as que teriam a régua, a justa medida da “politização suficiente”, dado que toda e qualquer universidade digna desse status necessita discutir as grandes questões da sociedade tanto quanto uma planta precisa de água?

Talvez as instituições no capitalismo desenvolvido padeçam de “excesso de politização” ao receber rotineiramente ativistas, políticos e afins para conferências, homenagens, etc.. A acusação soa jeca, provinciana.

Sobre “cobrar mensalidades”, algo que já foi demonstrado inócuo em termos de sustentabilidade das universidades por esta fonte de renda, a questão é não menos tosca. É só senso comum dos grupos mais do flanco direito do espectro político que ignoram de maneira disciplinada que há uma mudança substantiva do perfil do alunado no ensino superior nacional nas instituições públicas. Sim, a maioria dos estudantes do ensino superior federal, por exemplo, são provenientes das classes C, D e E[3] e a quebra da natureza gratuita do ensino superior enquanto direito, algo que nos é historicamente recente e remete a 1988, não compensaria por trazer um recurso que é tão somente residual em termos de impacto concreto. Inclusive dada a alta qualificação dos docentes, regra onde perfis como de Weintraub são exceções, as mensalidades seriam acessíveis somente para um estrato muito pequeno de estudantes, aqueles do mais alto topo da pirâmide social.

Ainda há a questão da governança e neste ponto concordamos em termos. A engenharia institucional de gestão deve ser constantemente aprimorada. Accountability nunca, jamais é uma prática estática. Deve ser dinâmico em processo de complexificação constante. Igualmente a eficiência de gestão. Porém, tomei conhecimento pela própria Folha de São Paulo[4] que desde 2014 há um processo constante de corte de recursos de custeio e investimento em um país onde já se apregoou que o investimento de 10% do PIB comporia um projeto de Estado em torno da educação. Neste momento, segundo a própria Folha, atingimos em 2019 patamares similares em termos de investimento e custeio aos de 2009, tendo alcançado no presente em diversos campi um maior quantitativo de estudantes de graduação e pós. Diante dos fatos, será que se trata de mera incompetência, má vontade ou qualquer outro juízo possível de ser derivado da crítica presente no editorial ao trabalho dos gestores das instituições de ensino públicas?

Sem dúvida o governo Bolsonaro não se mostra capaz, por antolhos ideológicos e anti-iluministas e por vezes por dramática incompetência, de responder aos desafios que nos defrontamos na educação pública. Por outro lado e não só neste tema o Brasil nunca precisou tanto do jornalismo profissional, de qualidade e crítico como na conjuntura do obscurantismo e das fake news. Contudo, para até mesmo irmos além da factualidade (que é imprescindível), o campo propositivo da grande imprensa em geral e da Folha em particular precisa se arejar. Com urgência. Afinal, não estamos falando meramente de instituições irrelevantes. Estamos falando de projeto civilizatório.



[1] O editorial “Idiotia útil” foi publicado em 17 de maio de 2019 e encontra-se disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/05/idiotia-inutil.shtml
[2] O relatório “Analytical Support for Bibliometrics Indicators Open access availability of scientific publications” encontra-se disponível na íntegra em: http://www.science-metrix.com/sites/default/files/science-metrix/publications/science-metrix_open_access_availability_scientific_publications_report.pdf
[3] A Associação de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) está realizando a 5ª Pesquisa do Perfil Socioeconômico dos Estudantes das Universidades Federais onde esses dados são corroborados. Para maiores informações sugiro visitar o site da própria Andifes onde encontram-se dados e afins desta pesquisa: http://www.andifes.org.br/pesquisa-perfil-socioeconomico-dos-estudantes-das-universidades-federais/.
[4] Na matéria “Verba livre de universidades federais retrocede uma década” é passível de acesso em https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/05/verba-livre-de-universidades-federais-retrocede-uma-decada.shtml.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

As faces da fé e as formas de luta



As faces da fé e as formas de luta

Por Luciane Soares da Silva*

São 22 horas do dia 15 de maio. Quando os dias adquirem um significado histórico, nascimentos, mortes e batizados são contados como caso incomum. “Nasceu no início da guerra”, “Foi batizado no primeiro dia do novo século”.

Pois então, no dia em que levantamos o povo e a juventude na cidade das usinas, conheço um casal, de perto da Favela da Linha, que vem com um carrinho de transporte manual até o Horto para buscar um armário desmontado. Ela, desempregada, ganhava dinheiro dormindo nas filas de hospital. Ele, desempregado, era ajudante de pedreiro. Perderam tudo em uma chuva e as roupas dos três filhos estão em sacos de lixo.

Não sou especialmente religiosa, mas desde que passei a pesquisar situações como esta, algo acende meu coração. E hoje isto ocorreu. Ele muito calado, como é próprio daqueles a quem Lamento Sertanejo toca, pouco disse. Ela, após pedir água e explicar sua situação, caminhou em minha direção, deu-me um abraço muito apertado e disse “Fique com Jesus”.

Eu me lembro de, em algum momento, ter pensado sobre as formas da fé. A fé na ciência, a fé em Deus, a fé no amor. E, entre tantos mistérios, sempre fui dominada pelo interesse nesta fé que Gilberto Gil descreve ao falar das procissões, que unem pessoas crentes nas coisas lá do céu.

Como se pode distribuir o que não se tem e nesta distribuição agraciar quem nunca soube o que é falta? Que tipo de generosidade resiste à miséria e à violência e sobrevive às enchentes e às humilhações, permanecendo o coração fiel ao ato da dádiva?

Campos, a cidade da riqueza represada, a cidade da pobreza silenciosa, é como as procissões cantadas por Gil. No silêncio daquele carrinho no meio da rua, cambiando entre os dois lados de uma quarta-feira, eles sumiram.

E eu voltei à morte de Trotsky e encontrei uma carta de seu amigo Adolf Joffe. Reproduzo aqui um parágrafo e espero que a leiam um dia na íntegra:

[…] se tem como eu, fé no progresso, pode-se muito bem conceber que, mesmo em caso de perdição de nosso planeta, a humanidade encontre os meios de habitar outros mais jovens e prolongue por conseguinte sua existência; e então, tudo que for feito em seu bem em nosso tempo se refletirá também nos séculos longínquos, quer dizer dará a nossa existência a única significação possível.

Até o dia 14, convoco todos a agir por estas estranhas formas de fé. Se há séculos elas têm mantido a humanidade aquecida, não é hora de esmorecer.

* Socióloga. Professora Associada à Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Chefe do Laboratório de Estudos da Sociedade Civil e do Estado (LESCE/CCH/UENF) e Presidenta da Associação de Docentes da UENF (ADUENF). 

A Balbúrdia continua: Mesa redonda ações afirmativas - 20/05/2019 - IFF-Campos



Mesa Redonda:

Ação Afirmativa e Permanência no Ensino Básico: perspectivas a partir da sociologia em escala individual de Bernard Lahire


20 de maio de 2019

19 horas


Auditório Reginaldo Rangel


 Expositores:

Ricardo Visser - UERJ
Marcos Abraão Ribeiro - IFF- Campos Centro
Rhena Schuler - IFF- Campos Centro

quarta-feira, 15 de maio de 2019

VIVA A BALBÚRDIA UNIVERSITÁRIA!



O professor José Luis Vianna da Cruz* nos brinda com mais um texto em que a fina ironia e o rigor analítico guiam seu olhar atento para a conjuntura nacional:

VIVA A BALBÚRDIA UNIVERSITÁRIA!
O Governo Federal de plantão está tentando destruir a Educação, com requintes de crueldade. O que está fazendo com o Ensino Superior e as Instituições Federais é um crime de lesa-humanidade, a pretexto de uma certa “balbúrdia universitária”!
Não vou defender a Universidade pela linha do ensino, da extensão e das pesquisas, ou seja, da contribuição para a Ciência, Tecnologia e Inovação. É cinismo e hipocrisia não reconhecer isso, principalmente graças à Universidade Pública e Gratuita.
Vou destacar a Universidade pelo seu papel essencial na formação do cidadão, nos campos da sociabilidade, da cultura, das artes e da política; vou exaltá-la pela linha da liberdade, da crítica, da independência, da autonomia e da luta por um mundo melhor.
Nessa linha, a Universidade é pura balbúrdia. Ela questiona e sacode os valores estabelecidos, as convenções fossilizadas, o conformismo submisso, a subalternidade, a passividade, a falta de crítica, as formas de dominação, a ordem injusta e a alienação. Ao lado da reflexão, do conhecimento, da ciência e da experimentação, é função da Universidade praticar a rebeldia, a indignação e o inconformismo, e se comprometer com as lutas pelas mudanças direcionadas para a construção de um mundo melhor.
Nós, Universitários da Balbúrdia, somos pela contestação da ordem conformista e pela construção de um outro mundo, solidário, democrático, generoso, equitativo e harmônico, em termos humanitários e ambientais. Por isso, marchamos ao lado dos pobres, dos favelados, dos ambientalistas, dos militantes da diversidade de gênero e raça, dos camponeses, dos indígenas, dos sem teto e sem terra, dos excluídos; enfim, das minorias e maiorias invisibilizadas, destituídas e descartadas pelas elites.
Por ser democrática, a Universidade possui todos os defeitos e virtudes. Tudo o que temos, de bom e ruim, é vivenciado e trabalhado publicamente, como numa Democracia.
Na Universidade seguimos leis, normas, portarias, hierarquia, rituais, calendário, organogramas e cronogramas. A pressão por produtividade está sufocando a autonomia e a liberdade necessárias à criatividade. Somos uma das instituições mais engessadas e fiscalizadas da nossa Nação. Toda essa ordem é seguida e contestada, simultaneamente. A balbúrdia é justamente a liberdade e a autonomia na institucionalidade.
A Universidade é, obrigatoriamente, escola de política. E o Movimento Estudantil é um grande formador de cidadãos. Eu comecei minha formação política como Presidente da LAECE, o Grêmio do Liceu de Humanidades de Campos, em 1968, graças ao estímulo da Profa. Arlete Sendra, uma das nossas maiores intelectuais. Continuei minha formação política no Diretório Acadêmico do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, ocupando a Diretoria entre 1975 e 1978, quando me formei. A queda da Ditadura e o retorno da Democracia devem muito à Balbúrdia Universitária. No Norte Fluminense, nós, da galera da balbúrdia universitária, vimos construindo, há décadas, um imenso e eficiente Complexo de Ensino Superior, nacionalmente destacado.
Deixem a Universidade em paz! Viva a balbúrdia universitária!
José Luis Vianna da Cruz – da Balbúrdia Universitária

Doutor em Planejamento Urbano e Regional (UFRJ) e Professor Colaborador da UFF/Campos dos Goytacazes.

terça-feira, 7 de maio de 2019

cineclube Marighella - 10/05/2019 - próxima sexta-feira, imperdível!



Durante a ditadura militar, Claudio Guerra recebeu ordens para executar pessoas supostamente envolvidas com a militância contra o regime, além de incinerar pessoalmente nos fornos da Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, os corpos de 12 pessoas torturadas no DOI-CODI.

Os crimes foram confessados pelo ex-delegado e hoje pastor da Assembleia de Deus ao psicólogo e ativista dos Direitos Humanos Eduardo Passos em entrevista transformada em documentário pela cineasta Beth Formaggini.

Foi somente assistindo a ‘Doutor Cláudio’ (2017) que algumas pessoas finalmente descobriram o paradeiro de familiares desaparecidos há mais de quatro décadas. Outras, no entanto, seguem angustiadas sem saber onde estão os restos de pessoas amadas. Daí a importância da exibição do documentário dia 10 no auditório da UFF Campos.

Além de dar voz a brasileiros que seguem sofrendo sem respostas devido à recusa do Estado de prestar contas pelos crimes cometidos e do evidente valor histórico do depoimento, a projeção será seguida de debate aberto sobre a posição estratégica de Campos no mapa da morte e o envolvimento da elite agrária local no brutal desaparecimento de corpos torturados pelo regime militar.

Luana Carvalho fala em nome do MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e 
Tarianne Bertoza representa a Comissão Pastoral da Terra nessa discussão que ainda contará com a participação Vitor Menezes, professor da Uniflu e jornalista que entrevistou Pastor Cláudio no que havia sobrado dos fornos da Usina Cambahyba.

Essa edição especial do 
Cineclube Marighella é realizada pela UFF Camposem parceria com a CPT e o MST como parte 6ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária. O evento é aberto e a entrada é gratuita. Contamos com a presença de todos e todas em mais esse ato de defesa do ensino superior público.

_Data
Sexta, 10 de maio de 2019

_Local
Auditório da UFF Campos
Rua José do Patrocínio, nº 71 – Campos dos Goytacazes

PROGRAMAÇÃO

18h – Exibição do filme ‘Pastor Cláudio’ (2017) *

19h30 – Debate ‘Reforma Agrária e terrorismo de Estado e empresarial durante a ditadura’, com participação de:

• Luana Carvalho – MST
• 
Tarianne Bertoza - CPT
• 
Vitor Menezes - Uniflu

* Classificação indicativa: 12 anos




sábado, 4 de maio de 2019

OPEN LETTER FROM 6,000 U.S. AND GLOBAL SOCIOLOGISTS IN SUPPORT OF BRAZILIAN SOCIOLOGY DEPARTMENTS




April 26, 2019 



On April 25th, Brazilian President Jair Bolsonaro, along with his Minister of Education, Abraham Weintraub, declared the government’s intent to “decentralize investments in philosophy and sociology” within public universities, and to shift financial support to “areas that give immediate returns to taxpayers, such as veterinary science, engineering, and medicine.”


As professors, lecturers, graduate students, post-doctoral fellows, and other scholars in sociology and related disciplines at colleges and universities in the United States and worldwide, we write to declare our unwavering support for continued funding for sociology programs at Brazilian universities. We oppose President Bolsonaro’s attempt to disinvest in sociology, or any other program in the humanities or social sciences.


As historical and contemporary sociologists, we understand that the decades-long marketization of higher education has convinced many politicians - in Brazil, in the United States, and globally - that a university education is valuable only insofar as it is immediately profitable. We reject this premise.


The purpose of higher education is not to produce “immediate returns” on investments. The purpose of higher education must always be to produce an educated, enriched society that benefits from the collective endeavor to create human knowledge. Higher education is a purpose in and of itself.


An education in the full range of the arts and sciences is the cornerstone of a liberal arts education. This is as true in Brazil as it is in the United States as it is in any country in the world.


Brazilian sociology departments produce socially engaged and critical thinkers, both in Brazil and worldwide. Brazilian sociologists contribute to the global production of sociological knowledge. They are our colleagues within the discipline and within our shared departments and institutions. When sociologists from abroad conduct research or other academic work in Brazil, we are welcomed by Brazilian sociologists and by their departments. Many of our own students receive world-class training in sociology at Brazilian universities.


President Bolsonaro’s intent to defund sociology programs is an affront to the discipline, to the academy, and, most broadly, to the human pursuit of knowledge. This proposal is ill-conceived, and violates principles of academic freedom that ought to be integral to systems of higher education in Brazil, in the United States, and across the globe. We urge the Brazilian government to reconsider its proposition.