TRE
volta à UFF de Campos e intima diretor a proibir panfletagem política na
unidade
Docentes de várias
instituições públicas de ensino têm sido alvo de práticas consideradas
intimidatórias, que atentam contra a autonomia universitária garantida pela
Constituição de 1988. Exemplo recente das tensões políticas que antecedem o
período eleitoral envolve o professor Roberto Rosendo, diretor do Instituto de
Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional (ESR) da Universidade Federal
Fluminense em Campos dos Goytacazes, que na quarta-feira (19), recebeu
intimação do juiz Ralph Manhães.
O documento afirma que o
docente "deve se abster de praticar ou permitir ato de adesivação e
panfletagem no interior dessa instituição, bem como a realização de reunião
partidária ou manifesto político em desrespeito à legislação eleitoral e o
princípio da isonomia com demais partidos e correntes políticas durante o
período pré-eleição sob as penas da lei”.
A intimação foi entregue seis
dias depois de a comunidade acadêmica da UFF em Campos ter se pronunciado
acerca da visita de um magistrado eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral/RJ
ao campus universitário, acompanhado de fiscais e policiais militares, que
culminou com o arrombamento da sede do DCE. Há relatos de que também teria
havido a revista de pertences, a apreensão de documentos pessoais, retirada à
força de adesivos das vestimentas dos presentes e a proibição de que voltassem
a portá-los na universidade.
A professora Marina Tedesco,
presidente da Aduff-SSind, estava naquela unidade da UFF na noite de
quarta-feira (19), reunida com outros docentes da instituição justamente para
dialogarem sobre a ação do TRE, realizada no dia 13 próximo passado. Ela conta
que a intimação foi entregue ao diretor Roberto Rosendo cerca de meia hora após
o término da conversa entre os docentes. O TRE foi à Universidade para
apurar, provocado por uma denúncia, a realização de reunião estudantes com
caráter político-partidário. Após, entregou a intimação ao professor Roberto
Rosendo.
Para a dirigente sindical,
assim como a UFF de Campos dos Goytacazes, outras universidades públicas do
país têm sido vítimas de interpretações abusivas da lei, com execuções
truculentas destas interpretações, que acompanham a restrição às liberdades
civis e democráticas que acontecem nos últimos anos no país.
“Não há dúvidas que setores
conservadores estão utilizando as denúncias, quase sempre anônimas, para tentar
calar o pensamento crítico e a politização inerente às universidades, que cada
vez mais vê sua autonomia desrespeitada. E a ADUFF seguirá se posicionando
intransigentemente contra tudo isso”, problematizou a docente.
DA REDAÇÃO DA ADUFF |Por
Aline Pereira
Fonte: Associação dos
Docentes da UFF/Seção Sindical do ANDES-SN (ADUFF/SSind).
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