quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

(Mais um) dia de luto? O exílio político de Jean Wyllys


Por Vanessa Henriques*

Hoje é um dia estranho. 

Não tenho conseguido pensar ou engolir a comida direito. Meu facebook só lamenta a partida do Jean Wyllys e isso me faz lembrar o dia da morte de Marielle. De certa forma, é como se Jean tivesse morrido também. 

O sentimento de perda é parecido. Mataram a possibilidade de Jean nos representar. Minaram suas forças e ele não consegue mais aguentar tudo que aguentou desde que iniciou a carreira parlamentar. 

Difícil conseguir mensurar o que ele enfrentou. 

Quando "matam" um representante popular, é como se muita gente morresse junto com ele. Hoje, o tiquinho de esperança que muita gente ainda nutria com dificuldade morreu também. A representação parlamentar reveste um ser humano comum de um poder muito especial. 

Ele não é mais "só" ele, Jean; ele é vários de nós. Muita gente está chorando e morrendo por dentro com a sua partida. "Matar" um parlamentar é uma espécie de genocídio simbólico. O estrago é coletivo, é massivo. Eis a mágica da democracia representativa.

Apesar do gosto de morte que hoje está em minha boca, tento lembrar que ele está indo justamente pra conseguir se manter vivo. Jean, receba meu abraço, minha enorme gratidão, minha admiração, meu afeto e minha solidariedade.

* Socióloga; ex-Presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Campos dos Goytacazes; e ex-Assessora de Direitos Humanos da Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social de Campos dos Goytacazes.

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