Há perigo na
esquina. O verso do músico Belchior está mais atual do que nunca. No caso
específico do Brasil não se trata de uma esquina literal, mas sim de uma dobra
histórica em que o país irá entrar e que representa uma guinada à direita
conservantista e reacionária da maneira mais bruta.
A opção feita
através das urna pela maioria do eleitorado ao eleger o capitão da reserva do
Exército Jair Bolsonaro para o posto máximo de Presidente da República significa
que no próximo governo teremos uma série de retrocessos dos mais variados. Para
além dos impactos institucionais que se avizinham, como privatização das
estatais e o desmonte do Estado, o que está em jogo também são conquistas
sociais, civis e políticas. Antes mesmo da posse do referido já é possível
perceber o empoderamento dos agentes públicos da segurança, que agem ao seu
próprio talante nas ruas, assim como já observamos, por exemplo, perseguição às
religiões de matrizes africanas nas semanas seguintes ao pleito.
Um conjunto de
conquistas identitárias dos movimentos sociais está em risco. O medo toma conta
dos Lgbtis e negros, que sabem o que representam uma pauta conservadora e de
perseguição às suas existências.
No plano da
educação o cenário que se avizinha é também desalentador haja vista que existe
a promessa de transferir o Ensino Superior do Ministério da Educação para o
Ministério da Ciência e Tecnologia a vir ser comandado por um astronauta,
também militar da reserva. Para além disso, a retomada da discussão do projeto
de lei Escola sem Partido também entrou em curso de maneira veloz, sendo que
até mesmo uma aprovação açodada em tempo recorde no Congresso está em jogo.
Contando com ameaças aos educadores através do incentivo a que jovens alunos
filmem seus professores em sala de aula, constituindo uma grave afronta ao
direito de cátedra dos mestres. A sinalização de que nenhum novo aporte de
investimentos será feito é catastrófica. Afinal temos de lição episódios
recentes, tal como o incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro por conta
justamente da falta de repasses para o setor.
Em termos
econômicos o modelo neoliberal capitaneado pelo especulador financeiro Paulo
Guedes aponta para uma grave crise de recessão. Pois historicamente os países
que optaram por esse arcabouço já demonstraram que o receituário do Banco
Mundial de enxugamento estatal não contribui em nada para a retomada do
crescimento mas sim o contrário.
O exercício da
Democracia exige o respeito às liberdades de oposição e contestação. As ameaças
de “varrer” os vermelhos, ou os candidatos opositores derrotados não contribuem
em nada para a saúde de uma já combalida democracia. Para além das urnas, a
resistência deve ser feita nas ruas, priorizando uma cultura de conscientização
e denúncia do quão lesivos são os movimentos que estão em debate no cenário
político do momento.
Nico, meu caro, seja bem-vindo! É uma satisfação tê-lo aqui. Quanto à análise de conjuntura, concordo em gênero, número e grau. Um grande abraço.
ResponderExcluirObrigado pela acolhida, Paulo.Sigamos adiante!
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