segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Daqui até 30 de outubro - George Coutinho

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Daqui até 30 de outubro

George Gomes Coutinho **

Nestes últimos 6 dias até o segundo turno @s democratas brasileir@s lidam com uma tarefa verdadeiramente difícil. Se trata de eleição que demonstra intenção de votos apertada entre Lula e Bolsonaro. Há sim empate técnico. Na conjuntura também nos deparamos com o descontrole do mercado paralelo de produção/circulação/consumo de informações. Este mercado me lembra a “robauto”, aquela feira de peças de automóveis que ocorria na baixada fluminense. Era tudo roubado. Mas, isso não impedia que “cidadãos de bem” fossem comprar seu toca-fitas por lá.

Neste cenário TUDO é importante. Ações de impacto macro são absolutamente relevantes. O corpo a corpo, o diálogo amistoso, este espaço micro é também igualmente relevante. Eleição disputada é decidida voto a voto. Não cabe negligenciar nenhuma oportunidade.

Usar adesivo conta? Muito. Na camiseta, no caderno, na moto, na bicicleta, na porta do apartamento. Ajudar nas mobilizações de rua ajuda? Pra caramba! Cada qual dentro de suas possibilidades. Contudo, a mobilização de rua, pessoas com bandeiras, bonés, camisetas, sorrisos, tudo isso provoca uma sensação de acolhimento para o eleitor. Faz com que ele se sinta parte daquele movimento coletivo. Pertencimento e política de massas andam como mão e luva.

Tá, e a mobilização virtual? É super importante. Aderir a hashtags, postar material pró-Lula e pró-democracia, fazer circular memes. Assistir e divulgar lives da frente ampla democrática. É tudo absolutamente relevante. Lembre-se do seguinte: estamos na eleição do voto de cabresto. Muita gente está sendo coagida por seus patrões (e por políticos no interior) a votarem em Bolsonaro. Se você pode expressar sua preferência sem risco de sanções, oras, deixe de bundamolismo e vá pra luta!

De todo modo, doe em prol da causa. Pode ser tempo. Pode ser dinheiro também (procure os canais aptos para doar para a campanha de Lula).

“Ain... eu quero pautar todos os apoiadores.. ain... livrinho em L é coisa de menina moça...”... Porra, se trata de uma frente ampla plural e descentralizada. Os grupos vão expressar seu apoio de diferentes maneiras. Vai ter gente fazendo a discussão pró-economia (crescimento, salário mínimo, aposentadorias, etc.) e é maravilhoso. É o lado mais robusto do legado de Lula. Vai ter gente fazendo L com livro? Vai! Isso fideliza as classes médias cosmopolitas que estão nauseadas com a barbárie. Vai ter cristão progressista lembrando que o bolsonarismo é anti-cristão? Também!

O que devemos tomar cuidado é com as pautas de costumes e intervenções públicas desastrosas. O sarrafo abaixou muito em termos de discussão pública, o moralismo corre solto e a serpente chocou faz tempo. Então, excetuando performances que choquem o público conservador, de resto tá valendo. Há “Lulas” para consumo no mercado político. O Lula vovô e bisavô, o Lula metalúrgico, o Lula do churrasco, o Lula descolado com o boné da CPX, o Lula que adora criar universidades, O Lula sindicalista, o Lula tiozão divertido, o Lula do Obama, o Lula estadista. Lula e suas mil faces, o que permite plasticidade do uso de sua imagem. Por isso conta muito a sensibilidade. Lula é versátil o suficiente para diferentes tipos de público. Então, no diálogo com grupos e indivíduos não fanatizados, procure falar do Lula adequado ao contexto do interlocutor.

Por fim, não gaste saliva com os que demonstram ser parte do Exército de Jair. Muitos destes não são mais aqueles que estavam zangados com o PT e deram um voto de protesto em Jair. Hoje estes são adeptos de um cristianismo pró-violência e de múltiplas expressões de autoritarismo. Há o estranho nacionalismo cristão.. consideram que há a necessidade de efetuarem uma limpeza da sociedade (eliminando esquerda, LGBT´s, negros, moradores das favelas, indígenas, movimentos sociais, etc..). Defendem a lei do mais forte, Golpe de Estado, fechamento da Suprema Corte, fim de direitos (consideram estes últimos privilégios). Abraçaram a extrema direita com o fervor de um Taleban. Inclusive lembra aquela vovó bonitinha que “jamais poderia ser fascista”? Então, essa vovozinha hoje quer comprar uma pistola e defende estripar seus inimigos em praça pública. Não perca tempo. Mire nos indecisos. Mire nos eleitores do Ciro que fazem defesa do voto nulo se estes permitirem conversa (até porque o cirismo acabou se apresentado em parte, talvez metade dos seus eleitores, em apenas uma linha auxiliar do antipetismo. Acho que a galera do PND já aderiu ao trabalho da Frente Ampla).

Tudo isso em prol da democracia. O Brasil é estratégico na luta contra a extrema direita no sistema internacional. Fora isso, um país periférico como o nosso não tem as salvaguardas necessárias para proteger sua própria população em mais 4 anos de bolsonarismo. Vamos lutar com gana pela vitória! Não será fácil, ninguém disse que seria, mas é por nós e pelas futuras gerações. FORA BOLSONARO!

* Boxing Painting Round 2 - Joe Zucker. Disponível em: https://www.brooklynmuseum.org/opencollection/objects/148761, acesso em 24 de outubro de 2010.

** Professor da área de Ciência Política no Departamento de Ciências Sociais da UFF-Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail para contato: georgec@id.uff.br.

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