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terça-feira, 18 de junho de 2019

Ctrl+c/Ctrl+v n.4 - Entrevista Emir Sader


Nesta manhã de 18 de junho fui convidado pela equipe do programa Folha no Ar da Radio Folha FM para compor a bancada de entrevistadores do professor Emir Sader que está em Campos para o lançamento de seu “Lula e a esquerda do século XXI”, livro recém lançado de sua autoria pela Editora da UERJ e pelo Laboratório de Políticas Públicas na mesma instituição. Quem desejar adquirir um exemplar por R$30,00 a unidade basta escrever diretamente para o professor: emirsader@uol.com.br

Por conta de um compromisso com a TVT que requisitou o prof. Emir em sua participação no Jornal Brasil Atual ,  acabou que eu concebi uma breve entrevista abordando questões da conjuntura política nacional e local:







Já a entrevista propriamente do prof. Sader onde conversamos sobre Brasil, América Latina, Lula, neoliberalismo e #vazajato está disponível nos vídeos seguintes:






                                          


domingo, 20 de novembro de 2016

Economia e política no Rio de Janeiro

Economia e política no Rio de Janeiro*

George Gomes Coutinho **

O título deste artigo é somente provocativo. Trata-se de uma óbvia alusão aos últimos acontecimentos da política fluminense. As prisões de Anthony Garotinho e Sérgio Cabral, ambos ex-governadores do Rio de Janeiro, colocam o estado em evidência nas páginas político-policiais  (ultimamente quase um sinônimo). Contudo, advirto ao leitor que a conexão entre economia e política não é algo exclusivo do Rio de Janeiro. Na verdade, a relação entre estas duas esferas fundamentais da vida social ocorre em todos os outros estados e países.

Políticos são agentes de um determinado sistema. Empresários operam em outra esfera, a econômica. Políticos operam com o poder formal, onde lidam com processos de tomada de decisão e o “poder de veto” propriamente. O empresariado, no sistema econômico, produz indubitavelmente inovação e outros efeitos sociais palpáveis diversos sendo estes efeitos perversos ou benéficos. Mas, o objetivo, salvo se encontrarmos um híbrido improvável entre George Soros e Francisco de Assis, é inegavelmente acumular, enriquecer.  Neste ínterim há o Estado, o aparato estatal, que materializa o maior agente econômico em toda e qualquer nação. As demandas objetivas do Estado, envolvendo infra-estrutura por exemplo, tornam os negócios estatais profundamente atraentes para os agentes do sistema econômico. De outro lado, o poder normativo do Estado é atraente para lobbies de toda ordem. Por fim, ainda há a mera razão econômica interferindo e distorcendo decisões eleitorais no caso de compra de votos.

Agentes dos dois sistemas se encontraram, se encontram e se encontrarão. As interferências, distorções e outras tantas ressonâncias são parte do cotidiano de sociedades complexas.

Na última semana vimos demonstrações diferentes da relação entre economia e política. No caso Cabral o contexto histórico de grandes eventos internacionais explica o assédio de políticos a empresários, sendo a recíproca libidinosamente verdadeira, na disputa por executar obras de grande monta. Não há inocentes. Com Garotinho há a interferência do argumento econômico na decisão do voto em uma sociedade desigual. Só que a margem de escolha da população empobrecida é muito menor. São reféns. Empreiteiros, por outro lado, são beneficiários.

* Texto publicado no Jornal Folha da Manhã em 19 de novembro de 2016


** Professor de Sociologia no Departamento de Ciências Sociais da UFF/Campos dos Goytacazes

domingo, 2 de outubro de 2016

Ecos do garotismo

Ecos do garotismo *

George Gomes Coutinho **

Nestes dias que antecedem as eleições municipais de 2016 tomei o cuidado de retomar as entrevistas realizadas pela Folha da Manhã com os candidatos que disputam a prefeitura de Campos. Há nuances evidentes de estilo e diferenças nas propostas. Não obstante as inegáveis variações, encontrei a onipresença de um personagem fundamental em pouco mais de três décadas na política local: Anthony Matheus, o Garotinho.

Entre os discursos apresentados nas entrevistas neste jornal, não há quem não faça referência aos elementos simbólicos, culturais e práticos da maneira de fazer política de Garotinho. Gostemos ou não, o garotismo se tornou estruturante. A questão neste âmbito que diferencia os aspirantes a prefeito é se estes consideram as conseqüências do garotismo uma herança louvável ou se devemos avaliar que se trata de algo nefasto.

 Irei simplificar as duas opções postas. Os defensores confessos do legado do garotismo, cada vez em menor número dentre a opinião pública, tentam recauchutar o modus operandi do clientelismo que tomou parte de todas as classes sociais em âmbito local. Não sejamos ingênuos. Não desconsiderando a primeira eleição de Garotinho para a prefeitura, onde as oligarquias locais foram feridas de morte, o sucesso eleitoral posterior do garotismo e de seus continuadores encontra no clientelismo transclassista uma explicação de peso. Parcela dos empresários, profissionais liberais, pobres das periferias, dentre outros, mantém sua sobrevivência vinculada ao conjunto de concessões, contratos e políticas sociais deste orçamento municipal que é dos mais pujantes de todo o país.

Já no anti-garotismo há a promessa de modernização do aparato público municipal, apostando nas necessárias medidas que ampliem a transparência e promovam boa governança. Propostas mais ousadas prometem o enfrentamento da lógica do clientelismo, seja incrementando o critério de impessoalidade ou se engajando no empoderamento de amplos setores da sociedade. Cabe pensarmos se estas propostas não encontrarão forte resistência mesmo que ansiadas. Os ecos do garotismo na Campos profunda tendem a não evaporar com o rito das eleições.

* Texto publicado no Jornal Folha da Manhã em 01 de outubro de 2016


** Professor de Sociologia no Departamento de Ciências Sociais da UFF/Campos dos Goytacazes