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segunda-feira, 28 de junho de 2021
Divulgação - "Um certo senhor Gabriel"
quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
Exibição gratuita de Bacurau em Campos - Sexta, 20/12
Num futuro não muito distante, moradores de Bacurau descobrem que o pequeno povoado no sertão brasileiro não consta mais no mapa, ao mesmo tempo que passam a ser atacados por inimigos misteriosos. É quando se unem para defender sua terra, honrando a longa tradição de resistências de seus antepassados.
Essa história diz muito sobre o Brasil de ontem e hoje, e não por acaso acabou conquistando público e crítica. Só nos cinemas, o longa de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles foi assistido por mais de 700 mil brasileiros, tendo ainda recebido Prêmio do Júri na edição de 2019 do Festival de Cannes, além de ter sido escolhido como melhor filme dos festivais de Munique e Lima.
O Cineclube Marighella exibe ‘Bacurau’ (2019) na sexta (20/12), às 19h no Varanda Amarela, promovendo, em seguida, roda de conversa sobre a importância do cinema nacional - principalmente em momento de graves crises sociais como a que o Brasil vem enfrentando – com os professores Elis Miranda, da UFF Campos, e Leo Puglia, autor do livro ‘O Cinema em Pernambuco’.
Agradecemos ao Varanda Amarela e, principalmente, à distribuidora Vitrine Filmes pela parceria nessa exibição que tem entrada gratuita. É só chegar no número 285 da Rua Treze de Maio!
_Data
Sexta, 20 de dezembro, às 19h
_Local
Varanda Amarela
Rua Treze de Maio, nº 285
_Evento no Facebook:
PROGRAMAÇÃO
18h – Início do evento
19h – Exibição do filme ‘Bacurau’ (2019) *
21h – Roda de conversa com:
Elis Miranda, Coordenadora do LabCult/UFF. Professora do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento regional, Ambiente e Políticas Públicas - UFF.
Leo Puglia, jornalista, doutorando em Ciências Sociais e autor do livro ‘O Cinema em Pernambuco’.
* Classificação indicativa: 16 anos
terça-feira, 7 de maio de 2019
cineclube Marighella - 10/05/2019 - próxima sexta-feira, imperdível!
Durante a ditadura militar, Claudio Guerra recebeu ordens para executar pessoas supostamente envolvidas com a militância contra o regime, além de incinerar pessoalmente nos fornos da Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, os corpos de 12 pessoas torturadas no DOI-CODI.
Os crimes foram confessados pelo ex-delegado e hoje pastor da Assembleia de Deus ao psicólogo e ativista dos Direitos Humanos Eduardo Passos em entrevista transformada em documentário pela cineasta Beth Formaggini.
Foi somente assistindo a ‘Doutor Cláudio’ (2017) que algumas pessoas finalmente descobriram o paradeiro de familiares desaparecidos há mais de quatro décadas. Outras, no entanto, seguem angustiadas sem saber onde estão os restos de pessoas amadas. Daí a importância da exibição do documentário dia 10 no auditório da UFF Campos.
Além de dar voz a brasileiros que seguem sofrendo sem respostas devido à recusa do Estado de prestar contas pelos crimes cometidos e do evidente valor histórico do depoimento, a projeção será seguida de debate aberto sobre a posição estratégica de Campos no mapa da morte e o envolvimento da elite agrária local no brutal desaparecimento de corpos torturados pelo regime militar.
Luana Carvalho fala em nome do MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e Tarianne Bertoza representa a Comissão Pastoral da Terra nessa discussão que ainda contará com a participação Vitor Menezes, professor da Uniflu e jornalista que entrevistou Pastor Cláudio no que havia sobrado dos fornos da Usina Cambahyba.
Essa edição especial do Cineclube Marighella é realizada pela UFF Camposem parceria com a CPT e o MST como parte 6ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária. O evento é aberto e a entrada é gratuita. Contamos com a presença de todos e todas em mais esse ato de defesa do ensino superior público.
_Data
Sexta, 10 de maio de 2019
_Local
Auditório da UFF Campos
Rua José do Patrocínio, nº 71 – Campos dos Goytacazes
PROGRAMAÇÃO
18h – Exibição do filme ‘Pastor Cláudio’ (2017) *
19h30 – Debate ‘Reforma Agrária e terrorismo de Estado e empresarial durante a ditadura’, com participação de:
• Luana Carvalho – MST
• Tarianne Bertoza - CPT
• Vitor Menezes - Uniflu
* Classificação indicativa: 12 anos
quarta-feira, 13 de março de 2019
convite Cineclube Marighella - 23/03/2019 - 19 horas
Prezadxs,
Repassando convite de atividade organizada tanto pelo CRESS* 7ª Região quanto pela galera sempre presente do Cineclube Marighella:
O CRESS 7ª Região (Seccional Campos) e o CINECLUBE MARIGHELLA convidam a todos(as) para a atividade referente ao Movimento “21 Dias de Ativismo Contra o Racismo”, intitulada “Cinedebate contra o racismo: a construção da imagem de negros e negras na mídia brasileira”, com a exibição do documentário “A negação do Brasil”, a ocorrer no dia 23/03 (sábado), às 19h, no Museu Histórico de Campos, com a participação das jornalistas Cláudia Eleonora e Stella Freitas como debatedoras.
O evento faz parte da ação "21 Dias de Ativismo Contra o Racismo" que ocorre em todo o estado.
Divulguem, prestigiem!
*CRESS é o Conselho Regional de Serviço Social.
domingo, 14 de outubro de 2018
O Dia que Durou 21 Anos + Debate ‘Ditadura Nunca Mais!’
Como o discurso contra a corrupção e as críticas justas ao PT se transformaram num ódio cego que parece ser capaz de levar ao poder, através do voto, um indivíduo que fez carreira desprezando a democracia e que continua defendendo abertamente ditadura e tortura, além de questionar a própria legitimidade do processo eleitoral?
Após 30 anos de fortalecimento contínuo, as instituições democráticas erguidas pela Constituição de 1988 se veem diante de sua mais grave ameaça. E a consternação é generalizada.
Democratas tanto de esquerda quanto de direita – liberais, conservadores ou socialistas –, todos se unem à comunidade internacional num mesmo sentimento: “como chegamos a esse ponto?”
Todas as partes cometeram erros e têm sua parcela de culpa, mas continuamos distantes de respostas. Trata-se de fenômeno novo, alimentado por uma guerra sem precedentes de desinformação em bolhas na internet que ainda não compreendemos, mas cujas consequências já sentimos na carne.
Ainda que Bolsonaro descumpra tudo que prometeu ao longo da vida e tente respeitar a democracia, pode ser tarde demais. Seu discurso de ódio já está fazendo mulheres, LGBTs e opositores em geral serem caçados nas esquinas do país.
Sem falar do seu vice General, que coerente com a cultura militar de hierarquia, já deu diversos sinais de que pretende tomar o poder do presidente de patente inferior. Se eleito, Bolsonaro deve ser engolido pelas cobras ao seu redor, e o que acontecerá depois?
Daí a importância dos democratas brasileiros se unirem nesse momento histórico dramático em torno da candidatura de Fernando Haddad, liderança que tem uma vida pública de compromisso com a democracia. A eleição continua em aberto, e os que querem preservar nossos direitos e liberdades são maioria no Brasil.
No próximo sábado, estaremos juntos, em Campos dos Goytacazes, assistindo a 'O Dia que Durou 21 Anos’, documentário que traz provas reveladoras sobre os bastidores do golpe militar de 1964. É o momento de refletir sobre o nosso passado para salvar nosso futuro.
A democracia brasileira resistirá a essa grave ameaça.
18h – Início do evento
19h – Exibição de ‘O Dia que Durou 21 anos’ (2013), documentário de Camilo Tavares sobre os bastidores do golpe militar de 1964
20h30 – Debate aberto ‘DITADURA NUNCA MAIS!”
Fonte: Facebook.
quinta-feira, 16 de agosto de 2018
sábado, 9 de dezembro de 2017
Recebendo Le Jeune Karl Marx
Recebendo Le Jeune
Karl Marx*
George
Gomes Coutinho **
Le
Jeune Karl Marx,
o “Jovem Marx” em versão brasileira, é obra cinematográfica do diretor Raoul
Peck e irá estrear entre nós oficialmente em 28 de dezembro. Todavia, não
obstante o filme chegar ao circuito brasileiro somente no final deste ano, desde
sua estréia no Festival de Berlin em fevereiro houve enorme burburinho. Creio
que há algumas razões para tal.
Trata-se de um filme sobre o
filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) e só isto já causaria certo alvoroço, ou
no mínimo curiosidade, entre boa parte da esquerda. Ainda, no Brasil polarizado
ideologicamente boatos de que o filme estaria sendo boicotado pelos “cinemas
burgueses” também surgiram, tal como supostas ameaças de grupos de
extrema-direita que inviabilizariam a exibição do filme. Não testei a
veracidade das informações. Contudo, imagino que o cenário de polarização acrescido
dos boatos, verdadeiros ou não, gerou respostas no circuito cinéfilo nativo e
seus adeptos. A primeira foi disponibilizar versões do filme na plataforma de
mídia Youtube. A outra foram versões d´O Jovem Marx circulando em universidades,
sindicatos, movimentos sociais e cineclubes alternativos. Como podem notar, a
recepção do filme entre nós também vem sendo considerada um ato político, tanto
pelo conteúdo da obra quanto por nosso contexto.
Assisti o filme em duas ocasiões.
Há pouco mais de um mês atrás esbarrei em um link no Youtube com o áudio em
francês, inglês e alemão. Não tudo ao mesmo tempo obviamente. Como Marx foi
“convidado a se retirar” em mais de uma ocasião dos países europeus onde tentou
fixar-se em seu tempo, vindo a falecer finalmente na Inglaterra, o diretor
optou por certo realismo onde a língua falada muitas vezes acompanha o cenário/país.
Advirto aos leitores neste momento que é inútil repassar o link. Fui conferir e
já não é mais possível assistir o filme por lá.
A segunda ocasião foi no
Cineclube Marighella, projeto alternativo orquestrado pelos bravos Léo Puglia e
Gustavo Machado aqui em Campos. Na
platéia contavam-se aproximadamente 120 almas silenciosas e atentas. Nada mal
para uma noite de sábado na exibição de um filme sobre um filósofo. Nonsense?
Talvez a conjuntura nacional explique.
* Texto publicado em 09 de dezembro no jornal Folha da Manhã de Campos dos Goytacazes, RJ.
** Professor de Ciência Política no
Departamento de Ciências Sociais da UFF/Campos dos Goytacazes
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
Chamada Cineclube Marighella - O Jovem Karl Marx + Debate ‘O marxismo no mundo de hoje' - 02/12/2017
O Jovem Karl Marx + Debate ‘O marxismo no mundo de hoje’
No próximo sábado (2/12), o Cineclube Marighella exibe ‘O Jovem Karl Marx’, longa de Raoul Peck - mesmo diretor de 'Eu Não Sou Seu Negro' (2016) - sobre um período fundamental na vida do pensador alemão eleito pelos ouvintes da rádio britânica BBC, em 2005, como “o maior filósofo de todos os tempos".
Pois foi entre as lutas e deportações, tristezas e alegrias, que marcaram sua vida entre o fechamento do jornal ‘A Gazeta Renana’, em 1842, e o lançamento do ‘Manifesto Comunista’, em 1848, que Marx formulou os fundamentos do seu materialismo histórico.
Afinal, “até agora todos os filósofos apenas interpretaram o mundo, mas é preciso transformá-lo”. É o que afirma Marx ao amigo Engels após noite de bebedeira, num dos momentos marcantes do filme.
Além de mostrar o homem por trás do mito que provocou amor e ódio a ponto de inspirar a divisão do mundo em dois polos rivais, o longa de Peck segue a trilha da biografia ‘Amor e Capital’, de Mary Gabriel, ao chamar atenção para a importância não apenas do parceiro Engels, mas também de sua esposa Jenny, enquanto fortaleza afetiva e brilhante crítica de seu trabalho.
A autoria da obra de Marx, portanto, não pode ser atribuída apenas ao próprio, mas também a Jenny e Engels. Trata-se de uma obra coletiva, construída com sofrimento, esperança e afeto. Nada mais coerente para quem acreditava que a união dos trabalhadores poderia levar a um mundo de iguais.
É esse retrato sensível e cuidadoso da juventude do trio que o público campista pode esperar da exibição de ‘O Jovem Karl Marx’ que o Cineclube Marighella promove no dia 2/12, no Ponto B Restaurante. Em seguida, tem debate com o sociólogo Nelson Crespo, do IFF, e com George Coutinho, professor de Ciência Política da UFF/Campos.
Sábado, 2 de dezembro de 2017
Local
Ponto B Restaurante
Rua Baronesa da Lagoa Dourada, N° 68 - Campos dos Goytacazes-RJ * **
* Vamos dispor de grande espaço reservado exclusivamente ao Cineclube Marighella. Cada um paga apenas o que consumir, mas é importante ressaltar que a consumação não será obrigatória. Quem quiser apenas assistir ao filme e participar do debate deve se sentir à vontade.
** Em virtude do horário de verão, o evento começará às 19h, iniciando a exibição do filme às 20h.
** Em virtude do horário de verão, o evento começará às 19h, iniciando a exibição do filme às 20h.
Evento no Facebook:
https://www.facebook.com/
PROGRAMAÇÃO
19h – Início do evento
20h – Exibição do filme ‘O Jovem Karl Marx’ (2017)
22h – Debate aberto: ‘O marxismo no mundo de hoje’
Com participação de
- Nelson Freitas,
sociólogo e professor do IFF/campos.
- George Coutinho,
prof. de Ciência Política na UFF/Campos.
* Classificação indicativa: 12 anos
(21) 995893877 - Léo Puglia
(22) 99864-0280 - Gustavo Machado
sexta-feira, 9 de junho de 2017
DIVULGANDO: CURSO DE LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA
Prezad@s,
Divulgando o curso que será ministrado amanhã aqui em Campos dos Goytacazes, RJ para os amantes da sétima arte:
" Este curso é voltado para quem quer aprender sobre o universo do cinema.
Como é feito um filme? Quem faz? Por que se faz cinema?
É um conteúdo introdutório ao universo da sétima arte.
Nesse curso você vai conhecer os departamentos que criam um filme, principais técnicas envolvidas desde o roteiro até a montagem.
Serviço:
Data: 10 de junho
Horário: das 9h às 13h
Local: Av. Sete de Setembro, 490, Edifício Pioneiro,
7° andar, Centro - JCI Campos
Investimento: R$ 50,00
Apoio: JCI Campos
Vamos realizar sonhos.
Vamos fazer cinema."
Divulgando o curso que será ministrado amanhã aqui em Campos dos Goytacazes, RJ para os amantes da sétima arte:
" Este curso é voltado para quem quer aprender sobre o universo do cinema.
Como é feito um filme? Quem faz? Por que se faz cinema?
É um conteúdo introdutório ao universo da sétima arte.
Nesse curso você vai conhecer os departamentos que criam um filme, principais técnicas envolvidas desde o roteiro até a montagem.
Serviço:
Data: 10 de junho
Horário: das 9h às 13h
Local: Av. Sete de Setembro, 490, Edifício Pioneiro,
7° andar, Centro - JCI Campos
Investimento: R$ 50,00
Apoio: JCI Campos
Vamos realizar sonhos.
Vamos fazer cinema."
terça-feira, 3 de novembro de 2015
Produção de Cinema na Planície Goytacá Parte II
Neste post reproduzo entrevista que concedi, agora quase em sua integralidade, publicada na Folha da Manhã ontem, dia 02 de novembro de 2015.
A entrevista para Paula Vigneron ganhou ares de "ensaio"... Dado que não sou um especialista no tema, fiz uma abordagem "aproximativa" sobre a relação existente entre cinema e sociedade, produção cultural e especialmente a difusão da produção cinematográfica em Campos dos Goytacazes.
Cinema em Campos ainda é artesanal
Paula Vigneron
Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense (UFF), o sociólogo George Coutinho fez uma análise sobre a realidade da produção cinematográfica em Campos nesses últimos anos. Para ele, é necessário que haja profissionalização e participação não somente do poder público, mas também da iniciativa privada. Coutinho destacou também o papel dos cineclubes, como o Cineclube Goitacá e o da Associação de Imprensa Campista (AIC), como fundamentais para a formação de público informado e crítico.
Folha da Manhã – Enquanto sociólogo, qual é a sua opinião sobre o cinema na formação dos grupos sociais? Há relação entre as duas coisas?
George Coutinho – Há uma clara relação entre os grupos sociais, os valores simbólicos em circulação em uma dada sociedade e sua produção “espiritual”. Por espiritual, me refiro aos elementos não materiais fundamentais para compreendermos um dado momento histórico e seu patamar civilizatório. Este terreno imaterial é justamente o espaço da arte. O cinema, como outras formas de expressão artística, mantém uma relação contraditória com a sociedade concreta: tanto reproduz quanto critica o status quo. Ainda, neste caminho, tanto reforça determinados padrões comportamentais e valores quanto incentiva a desconstrução dos parâmetros vigentes. Da mesma forma, o cinema, tal como a literatura ou as artes plásticas e a música, coleta na sociedade, em suas diversas expressões e embates, a matéria prima para a sua produção estética. Ou seja, tanto a sociedade e seus agentes coletivos e individuais utilizam do cinema para elaborarem suas interpretações quanto as artes em geral, e o cinema em particular, “interpretam” esta mesma sociedade a partir de seus critérios próprios. Por razões bastante óbvias, as artes traduzem os elementos concretos e simbólicos da sociedade em uma linguagem estética.
Quanto ao papel do cinema, em termos concretos, há uma dubiedade inerente por tudo o que eu disse. O cinema, expressão artística radicalmente moderna, é utilizado para legitimar a barbárie, a sociedade de consumo ou até mesmo padrões comportamentais patológicos e grupos sociais predatórios. Este rol temático usualmente, embora não seja uma regra rígida, aparece com bastante freqüência nos chamados “blockbusters”, os filmes de grande bilheteria focados em uma tônica de entretenimento pouco reflexivo.
Na outra banda, há uma produção humanista, crítica, dotada de um sopro reflexivo poderoso que justamente, em caminho oposto do reforço do status quo, nos leva a um processo de desnaturalização das relações sociais e nos tira de uma rotina massacrante e “dopada” moralmente para nos estranharmos conosco e com nosso entorno.
Por isso, eu digo que o cinema desempenha papéis. Papéis estes que são aceitos e determinados pelos grupos produtores de cinema, dos técnicos aos diretores, e pelo espectador que seleciona para assistir o que lhe é mais atraente a partir de seu conjunto de crenças e valores.
Folha – Como você enxerga as produções cinematográficas em Campos? Se levarmos em conta o tamanho da cidade e o número de habitantes, há produção suficiente?
Folha – Como você enxerga as produções cinematográficas em Campos? Se levarmos em conta o tamanho da cidade e o número de habitantes, há produção suficiente?
George – A produção de cinema em Campos é fomentada por uma produção ainda bastante artesanal e concentrada na modalidade de curtas-metragens. O que acompanho é a confecção de documentários que são, sim, importantes, sobre questões históricas locais ou dramas sociais conjunturais.
O que devemos compreender é que há um avanço tecnológico importante que auxilia a reduzir custos deste tipo de produção aliada a uma prática militante, seja no experimentalismo estético ou especificamente no realismo dos documentários, que torna esta ainda diminuta e nada irrelevante aventura cinematográfica local possível.
Inclusive o termo “militante” é absolutamente pertinente aqui. Sem algum tipo de fé dos empreendedores deste tipo de ação, muito provavelmente nem documentários artesanais teríamos.
Pensando especificamente na produção cinematográfica em termos quantitativos, devemos compreender que ainda falamos de um salto numérico importante só muito recentemente no Brasil. Relatórios específicos sobre o cinema produzido entre nós indicam que há uma profunda concentração regional, existindo polos regionais, notadamente Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco. Ou seja, pensando nas dimensões continentais de nosso país, certamente ainda é insuficiente. Isto implica outro dado: a captação de recursos financeiros, que permitem a realização deste tipo de empreitada, é igualmente desigual. Há produtoras que “acumulam” recursos de forma hábil e nem sempre utilizando de métodos republicanos na captação.
Diante de tudo isso, Campos poderia ter uma produção mais pujante, porém lida tanto com entraves locais quanto seus produtores enfrentam as desigualdades perversas de um mercado nacional pouco democrático. O que posso dizer é que ainda assim considero um milagre a diminuta produção local que, a partir do esforço pessoal de seus realizadores, por vezes, participa do circuito de mostras nacionais de cinema, mesmo que sejam as mostras mais “underground” e voltadas para o cinema não comercial.
Folha – Em relação à cultura como um todo, acredita que haja investimento e apoio que satisfaçam e incentivem os produtores locais?
Folha – Em relação à cultura como um todo, acredita que haja investimento e apoio que satisfaçam e incentivem os produtores locais?
George – A produção de cultura em Campos em geral, neste sentido podemos falar para além do cinema, também envolve o sacrifício pessoal de seus produtores. Publicação de livros, sejam os mais “canônicos” e voltados para o público acadêmico, seja no âmbito da ficção ou até mesmo formas literárias como a poesia e as crônicas, contam muitas vezes com o autofinanciamento de seus autores. Quando não é assim, e neste caso os intelectuais organicamente pertencentes ao ensino superior sabem, obtém financiamento das agências usuais como a Faperj – Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, ou arriscam submeterem seus originais para as editoras das instituições públicas de ensino. Os autores vinculados a outras formas de produção contam com fomento do poder local de poucos editais, estes por vezes insuficientemente claros e raríssimos, quando existem!
O que é preciso compreender é que o incentivo para gerar uma produção cultural rica e pujante necessita de recursos e precisa se tornar uma rotina, algo que a sociedade civil local é incapaz de sustentar, mesmo com iniciativas heróicas como o Festival Doces Palavras e os cineclubes existentes nas universidades e os fomentados pela Associação de Imprensa Campista ou o Cineclube Goitacá. Estes espaços tornam possível a circulação de produções de origem diversa, formam um “público” informado, algo certamente fundamental para qualquer uma das expressões artísticas que conhecemos, mas é preciso ações sistemáticas. Não incluo somente a prefeitura dentre os responsáveis pela implementação de um cenário mais frutífero. A iniciativa privada precisa igualmente ser mobilizada, assim como os agentes produtores locais precisam de capacitação para participarem de editais como os fornecidos pelo Ministério da Cultura. Afinal, não obstante todo o romantismo do ímpeto impulsivo criador que ronda a produção artística, a Sturm und Drang (tempeste de ímpeto) como diriam os alemães, necessita de profissionalização se não estamos falando dos raros gênios incontestáveis.
Sem este conjunto de ações, aliada a uma formulação séria e rigorosa de política cultural, continuaremos a perder gerações futuras que poderiam ser não somente consumidores passivos de produtos culturais, mas, certamente, poderiam ser produtores e contribuir com o mercado local e nacional.
Folha – Se pudesse sugerir melhorias para a área do cinema campista, o que sugeriria? E o que você acha que precisa ser mantido?
Folha – Se pudesse sugerir melhorias para a área do cinema campista, o que sugeriria? E o que você acha que precisa ser mantido?
George – Primeiramente, considero que já foi mais árido o cenário. Campos, durante anos consecutivos, viveu a “privatização do consumo de cinema” no momento em que suas salas de exibição fecharam. A apreciação da produção cinematográfica encerrou-se nos lares, sendo um programa privado das famílias que recorriam as hoje quase extintas locadoras de vídeo ou ao que era ofertado pelos canais de TV. Hoje temos maior oferta de cinema em espaços coletivos, embora que notadamente a produção escoada seja mais dos blockbusters, de maior saída comercial.
No âmbito da formação de um público informado e crítico, temos os cineclubes locais. Estes cumprem uma função diversa das salas de cinema comercial ao darem visibilidade a uma produção alternativa, muitas vezes mais ousada e reflexiva que a produção comercial. Porém, por suas características, atendem a um público de menor monta que as salas de cinema convencionais, mas não são menos importantes. Pelo contrário: por darem vazão à transgressão estética, auxiliam a formar um público que irá fomentar os circuitos alternativos e experimentais de cinema. Parte deste público, inclusive, costuma migrar da condição de espectador/consumidor para se tornar parte ativa de produção, algo fundamental para a sobrevivência do cinema enquanto expressão autônoma de uma dada sociedade.
Também no fomento, vimos nos últimos anos cursos de curta duração sendo ofertados, algo que auxilia na profissionalização dos aspirantes a cineasta. Há mostras de cinema, sejam de iniciativa de instituições privadas ou públicas, que igualmente são espaços de difusão desta arte.
Mas, para além de formar profissionais, uma tarefa das instituições de ensino, termos um público informado, tarefa desempenhada por nossos cineclubes, é preciso de recursos sistematicamente disponibilizados para tornar uma produção local sustentável. Sejam editais dotados de periodicidade, rubricas orçamentárias destinadas para esta finalidade previstas etc. Afinal, não desprezando o lema “uma câmera na mão, um idéia na cabeça”, é preciso prover recursos que viabilizem e incentivem a produção artística. Estes não podem ter uma aparição episódica. Afinal, produtores e realizadores de cinema não comem e sustentam suas famílias de forma episódica.
02/11/2015 11:48
Disponível em: http://www.fmanha.com.br/cultura-lazer/cinema-em-campos-ainda-e-artesanal, acesso em 03 de novembro de 2015 Publicado em versão impressa no suplemento cultural "Folha Dois" do Jornal "A Folha da Manhã" de Campos dos Goytacazes em 02 de novembro de 2015.
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
Produção de cinema na Planície Goytacá Parte I
Na semana passada fui procurado por uma jornalista da Folha Manhã, jornal de circulação no Norte/Noroeste do Estado do Rio, para falar um pouco sobre a produção de cinema em Campos dos Goytacazes, a relação entre cinema e sociedade, etc..
Esta entrevista, feita de forma respeitosa e competente pela jornalista Paula Vigneron, manteve dois links com a "Folha Dois", suplemento cultural do jornal.
O primeiro "produto" foi uma matéria, onde também participaram cineastas locais como Alexandro Florentino e Carlos Alberto Bisogno, que faz um "diagnóstico" do cenário local para a cinematografia. Esta matéria "síntese" foi publicada na Folha de ontem e aqui neste post reproduzo em sua íntegra.
Resultou em um interessante e preocupante balanço sobre a produção cultural em uma cidade onde ainda há muito o que se construir.... Há algo de embrionário... Porém, este embrião, para se tornar maduro, precisa do apoio decisivo do poder público e dos agentes privados locais.
Eis a matéria:
Cinema campista: sem apoio, sofre falta de identidade
Paula Vigneron
Campos poderia ter uma produção (audiovisual) mais pujante, porém lida tanto com entraves locais quanto seus produtores enfrentam as desigualdades perversas de um mercado nacional pouco democrático”, declarou o sociólogo e professor George Coutinho. Para ele, a ausência de recursos públicos e privados destinados à produção cinematográfica no município prejudica o desenvolvimento e o crescimento da área. A opinião do professor é partilhada por produtores campistas, que lamentam as dificuldades geradas pela falta de investimentos e apoios.
Atualmente, no Brasil, são produzidos, em média, 100 longas-metragens por ano, número inferior a produções dos Estados Unidos e do continente europeu. Os dados foram apresentados pelo cineasta e jornalista Alexandro Florentino. A realidade local, no entanto, não pode ser determinada por números.
— Em Campos, não dá pra se fazer uma afirmação com muita convicção, pois não há um trabalho que mapeie e identifique se há ou não produção cinematográfica na cidade. A produção existe, mas é feita de forma completamente independente, ou seja, sem vínculo com qualquer incentivo ou iniciativa dos setores públicos da cidade e muito menos da iniciativa privada — afirmou.
Diretor de documentários — como “Cambaíba” — e curtas-metragens de ficção, Alexandro explicou que seus trabalhos possuem conceito e postura bem definidos.
— Na minha perspectiva, a linguagem audiovisual, neste caso aplicada à realização de filmes, sejam de ficção ou documentário, proporciona-me uma forma de expressar e me relacionar com o mundo social que me rodeia. Deste modo, os filmes acabam tendo um teor ideológico muito forte, pois eles refletem as relações que eu estabeleço com as outras pessoas e também expressão minhas indignações, frustrações a respeito dos acontecimentos cotidianos — contou o cineasta, que destaca os filmes “Artífices: memórias do ensino técnico” e “Ignorados” como os únicos que receberam apoio do Instituto Federal Fluminense (IFF) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), respectivamente.
Para divulgar suas produções, Alexandro os envia para festivais e costuma postá-los em sites especializados. A intenção do jornalista é que haja diálogo e debate acerca de seu trabalho, que não podem ser atrapalhados pela comercialização, tida para ele como “um entrave, principalmente se formos levar em consideração que a maioria da população do nosso país não tem condições de pagar o preço que se cobra pelas salas de cinema para se ver um filme”.
— Se eu não fizer assim, não consigo fazer filme algum, principalmente se for esperando alguma contrapartida do município. Pois não há mecanismos pra se ter acesso a recursos, a não ser que você conheça alguém e vá pedir um apoio ou outro, mas, além de isso ser humilhante, no meu ponto de vista, é imoral. Pois devem existir meios pelos quais todos que produzem possam concorrer e ter as mesmas chances de conseguir recursos pra realizar sua obra, mas não há um mísero edital se quer destinando recursos pra produção audiovisual no município. Ai, o que se tem é um ou outro produzindo, heroicamente, um filme ou outro de tempos em tempo — criticou.
Para ele, é importante que as produções audiovisuais sejam vistas como “ferramenta prática de se lançar livres olhares, de ser livre e experimentar o mundo”. Por meio delas, segundo Alexandro, é possível desmistificar estereótipos que limitam o pensamento humano e a comunicação.
— A partir desta compreensão, é necessário elaborar ferramentas eficientes para que se possa incentivar e proporcionar, de fato, a realização cinematográfica no município. E isso vai de capacitar os professores para que possam cumprir, adequadamente, a Lei nº 13.006, de junho de 2014, que realizar editais com destinação de recursos para a produção de filmes na cidade — afirmou.
O diretor Carlos Alberto Bisogno — que lançará no próximo dia 6, no Sesi-Guarus, o curta “Ondas” e tem no currículo nove trabalhos — também lamentou a falta de investimentos na área de produção cinematográfica em Campos. Para ele, há somente o cinema comercial, a proposta de cineclubes “abertos para a divulgação do grande cinema” e a atuação do Sesi, “grande motor da divulgação da cultura regional”.
— A tão sonhada Escola de Cinema nunca veio, o motor econômico de um Polo Regional de Cinema nunca foi implementado ou mesmo levado a sério. Em 2011 fui convidado pelo então vereador Rogério Matoso e a apresentar o Projeto do Polo de Cinema numa Audiência Pública na Câmara de Vereadores de Campos, mas a ideia não ecoou, e definhando, parece ter morrido em definitivo — contou.
A Prefeitura de Campos, por meio de nota, declarou que “desenvolve nas comunidades carentes e quilombolas o projeto “Cine Zumbi”, com exibição de filmes nacionais e educativos. A municipalidade estuda a criação de um Cine Teatro. Por isso, a presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Patrícia Cordeiro, esteve com representantes da Agência Nacional de Cinema (Ancine), no final de 2014, para a construção de um anexo ao Teatro Trianon”.
Escola de Cinema ficou perdida
Nos anos 90, com a construção da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), surgiu a oportunidade da construção da Escola Brasileira de Cinema e Televisão (EBCTV) no polo. De acordo com o Plano Orientador da universidade, a escola seria “integrada à Faculdade de Educação e Comunicação da Uenf”, que funcionaria no Solar do Colégio dos Jesuítas, onde, atualmente, funciona o Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho. A ideia, no entanto, não foi concretizada.
— No final dos anos 2000, tentativas de formação de um consórcio entre UFF, IFF e a própria Uenf, para tornar o projeto concreto, também não foram adiante, inclusive por dificuldades orçamentárias e congêneres. Uma escola de cinema seria um passo importante na profissionalização da produção cinematográfica local, sem dúvida — assegurou o sociólogo George Coutinho.
O professor, no entanto, ressaltou que, além da formação de profissionais e de público, por meio dos cineclubes, é necessário que sejam sistematicamente disponibilizados recursos, com editais periódicos ou rubricas orçamentárias, que tornem sustentável a produção de Campos. “Afinal, produtores e realizadores de cinema não comem e sustentam suas famílias de forma episódica”, pontuou.
O cineasta Alexandro Florentino destacou a cidade de Recife, no estado de Pernambuco, como um polo de cinema consolidada a partir de ideia semelhante à da EBCTV.
— O que ocorre lá não é fruto do acaso, mas sim de um processo semelhante do que se almejou pra Uenf e, consequentemente, para Campos. O Norte e Noroeste Fluminense só teriam a ganhar, pois, além de instalar um polo de produção criativa na região, incentivaria o desenvolvimento de diversos setores da sociedade, e podemos mencionar alguns exemplos: o fato de a produção cinematográfica movimentar a economia onde ela se realiza, pois se utiliza dos serviços alimentícios locais, hospedagens, papelarias, confecções de figurinos, cenários, mão de obra necessária na composição de uma equipe, como eletricistas, costureiras, especialistas em equipamentos de segurança, entre tantos outros e, também, o turismo — opinou.
“Tem tempo que não vou ao cinema. Tive um filho há pouco tempo. Mas gosto de cinema. Em relação aos filmes, não tenho costume de assistir aos brasileiros e não acompanho as produções de Campos, por não ter tempo e conhecimento. Acho que não é muito noticiado.”
Suelen de Souza Gomes, gerente bancária, 29 anos
Suelen de Souza Gomes, gerente bancária, 29 anos
“Costumo ir ao cinema. Acho bons os filmes que chegam aqui. É importante porque cinema é cultura, e a cidade cresce com isso. Não assisto às produções campistas por não ser divulgado. A cidade tem que produzir porque é desenvolvimento.”
Rafael Ângelo Rangel, auxiliar de escritório, 29 anos
Rafael Ângelo Rangel, auxiliar de escritório, 29 anos
“Eu vou ao cinema, geralmente, duas vezes ao mês. É muito importante para a cidade por ser forma de cultura. Não conheço as produções de Campos. Falta divulgação para tentar mostrar um pouco o que a cidade tem, para mostrar que podemos fazer algo importante.”
Matheus Leal Monteiro, auxiliar financeiro, 19 anos
Matheus Leal Monteiro, auxiliar financeiro, 19 anos
“Gosto da programação do cinema, principalmente dos lançamentos nacionais, que estão melhores e são cada vez mais divulgados. Em relação ao cinema em Campos, não acompanho por falta de divulgação. Temos que ter a produção para que seja mostrada.”
Douglas da Silva Barcelos, técnico em logística, 24 anos
Douglas da Silva Barcelos, técnico em logística, 24 anos
“O cinema enriquece a cultura da cidade. Eu não conheço as produções de Campos porque faltam informação e divulgação. Temos que ter essas produções, pois equivale ao enriquecimento da cultura com informações sobre a nossa cidade. Tem que ter, mas deve haver divulgação.”
Guilherme Araújo, bancário, 31 anos
Guilherme Araújo, bancário, 31 anos
“Gosto de assistir a filmes no cinema, mas não vou muito ao cinema. Não acostumo ver os filmes produzidos em Campos, mas temos que ter porque precisamos mostrar que Campos tem talento e diversão e sabe fazer cinema e que não precisa vir só de fora.”
Scheila Alves, 37 anos, auxiliar de cabeleireiro
Scheila Alves, 37 anos, auxiliar de cabeleireiro
Disponível em: http://www.fmanha.com.br/cultura-lazer/cinema-campista-sem-apoio-sofre-falta-de-identidade (acesso em 02 de novembro de 2015. Matéria publicada na versão impressa da Folha da Manhã em primeiro de novembro de 2015).
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