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segunda-feira, 27 de maio de 2024

A economia foi, é e (sempre) será o âmago da disputa política: repercutindo o artigo “O que se faz com uma caneta Bic?”

 

Foto de publicação nas redes sociais de Fábio Porchat em 03/05/2019.
(Os rostos foram encobertos para preservar a privacidade das crianças).
 

*Jefferson Nascimento



“Cada cassetete é um chicote para um tronco
Alqueires, latifúndios brasileiros
Numa chuva de fumaça só vinagre mata a sede
Novas embalagens pra antigos interesses
É que o anzol da direita fez a esquerda virar peixe”

(Autor: Criolo. Música: Esquiva da Esgrima).

Esse texto repercute os dados e as análises do artigo “O que se faz com uma caneta BIC? A agenda legislativa e administrativa do governo Bolsonaro (2019-2022), publicado em 20 de maio deste ano, por Vinícius Lino, Bhreno Vieira e Dalson Figueiredo, no Blog Gestão, Política e Sociedade dos Cadernos de Gestão Pública e Cidadania, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Os autores evidenciam que, dentre as Proposições Legislativas, as temáticas mais recorrentes de autoria do governo Bolsonaro/Guedes foram: Macroeconomia (15%), Pandemia (14%), Administração Pública e Governo (12%), Regulação e Serviços (11%), Trabalho e Emprego (10%) e Tributação (8%). Excetuando as medidas relacionadas à pandemia de Covid-19, cujo caráter era emergencial, 56% das proposições legislativas estavam relacionadas à economia e administração pública. Quando se tratou de Pandemia, Trabalho e Emprego e Suporte aos setores econômicos, as Medidas Provisórias eram mais utilizadas que Projetos de Leis.

Os decretos presidenciais de Bolsonaro foram editados com mais frequência nos seguintes temas: Administração Pública e governo (25%), Burocracia (18%), Política e Comércio Exterior (12%), Defesa (9%), Transportes (9%) e Tributação (6%). Por esse instrumento, excetuando Defesa, 70% de todos os decretos estavam relacionados aos aspectos econômicos, incluindo política externa, e administração pública.

Os autores identificam que o Ministério da Economia e o “SuperMinistro” Paulo Guedes participaram em mais de 50% dos decretos e em 68% das proposições legislativas. Seja na Agenda Legislativa ou na Agenda Administrativa, é evidente a ênfase nos aspectos econômicos, na construção de condições de governabilidade e na adaptação da estrutura governamental alinhada aos elementos ideológicos neoliberais.

Com isso, o título de “Posto Ipiranga” e a atribuição de assumir um ministério com competências ampliadas, em relação ao anterior Ministério da Fazenda, não foram meras simbologias e retóricas. Ao contrário, o governo Bolsonaro/Guedes deve ser lembrado principalmente pela radicalização do projeto neoliberal. Os acenos de Levy, ainda no governo Dilma 2, a “Ponte para o Futuro” na gestão Temer, foram aprofundados pelo ultraliberalismo de Guedes/Bolsonaro. Portanto, a frente de combate ao bolsonarismo é a economia.

Medidas relacionadas à "Lei e crime" (6% das proposições legislativas e 2% dos decretos), mais que uma questão moral, estão relacionadas ao endurecimento penal, liberação das armas e outras que viabilizam as transformações econômicas ao ampliar meios para conter as reações populares e o caos social. Como Naomi Klein descreve em Doutrina do Choque, graves crises são usadas para acelerar e aprofundar o projeto neoliberal (tivemos a pandemia usada terrivelmente como "janela de oportunidades" para "passar a boiada") e a redução das funções sociais do Estado é acompanhada de ampliação da sua capacidade repressiva e punitiva.

As pautas de costumes foram majoritariamente utilizadas como cortina de fumaça, como distratores no debate público. Elas figuram de modo muito tímido na agenda legislativa: Cultura e Direitos Civis aparecem com 4% cada uma das "Proposições Legislativas" (não aparecem entre os temas de Decreto). Que as pessoas tenham se engajado nesses temas não há problema, a questão central é avaliar o quanto o intenso e dominante engajamento das lideranças políticas de esquerda nas pautas de costumes: (1) limitaram sua força para o embate em torno de um projeto econômico para o país; e/ou (2) favoreceram o governo Bolsonaro a avançar em seu projeto neo/ultraliberal na economia, enquanto se debatia com mais afinco outras questões. Não foi só a pandemia, as reiteradas vezes em que uma declaração, um tuíte ou uma live cheia de baboseiras ocuparam os discursos e ações políticas também ajudaram "passar a boiada".

Infelizmente, essa situação me lembrou de uma prática típica da minha infância e adolescência. E aqui, entrego a idade e corro o risco de causar estranhamento nos mais jovens. Nos anos 1990 e início dos anos 2000, os videogames possuíam controle com fio. Ou seja, para funcionar, o controle era conectado ao console. Na época, nem sempre por maldade, era comum que os mais velhos jogassem entre si e dessem controles desconectados para se livrar das insistências das crianças pequenas. Importante dizer que não tinha essa possibilidade de jogar online pelos videogames na minha infância e adolescência.

Além disso, não tínhamos consoles que salvavam as fases do jogo, bem depois surgiu alguns com memory card (muitas vezes, bem caro). Antes desse cartão, ou jogávamos todas as fases antes de desligar ou tínhamos poucos segundos para anotar um password extenso. Sequer tínhamos celulares que tiravam fotos e as máquinas fotográficas normalmente eram com um filme que demandava “revelação” em uma loja especializada. Ou seja, quase impossível anotar o password, daí controle desconectado para a criança menor para não perder as etapas vencidas. 

Havia o medo também de quando poderíamos jogar novamente. Jovens, acreditem: alguns de nossos pais, tios e avós, achavam que o uso de videogames estragavam a televisão. Pode até parecer ruim para quem naturalizou esse mundo tecnológico atual. Mas as lembranças são boas e admito que minha impressão possa ser a saudade da tenra idade - não da época. 

Para o mais velho que executava o plano, parecia um ganha-ganha: os maiores jogavam, as crianças menores não choravam e, ao acreditar jogar - e até vencer crianças maiores e adolescentes -, tinham um grande estímulo na autoestima. Não me orgulho, mas também fiz com meu primo sete anos mais jovem. E só quando já éramos adultos confessei a prática. Apesar de já ter passado muito tempo, ele obviamente não gostou nada. Voltando ao assunto inicial. 

O governo Bolsonaro parece ter entregue para oposição um controle desconectado do console. A oposição comemorava cada recuo, cada exposição em temas salientes no debate público, como as crianças da minha geração comemoravam o que acreditavam ser a “vitória” sobre mais velhos. Ao fim e ao cabo, não foram sequer vitórias de Pirro. Eram ilusões, a medida que o jogo realmente jogado era o da economia. "It's the economy, stupid!"

Era e será a economia o campo fundamental de disputa. Para tentar enfraquecer a extrema-direita é preciso reverter as amarras criadas por uma concepção econômica focada em socialização das perdas e concentração dos ganhos. Ou Haddad, os políticos e as organizações de esquerda acordam, ou continuaremos a jogar com um controle desligado do console. Tratei disso em dezembro de 2023, como um balanço do primeiro ano e o horizonte nebuloso para o Brasil.

Em tempo, com isso não quero dizer que as pautas de costumes e a defesa das identidades devem ser ignoradas. Apenas alerto para a ineficiência de desconectá-las da luta econômica (luta pela redistribuição). Por exemplo, o "novo" arcabouço fiscal na medida em que limita a capacidade estatal de investir em políticas sociais favorece a manutenção da desigualdade social e do status quo estruturados a partir das classes sociais e superestruturados pelas desigualdades de oportunidades por raça e gênero historicamente constituídas.

Ademais, não serei leviano de reduzir a importância das lutas pelo reconhecimento de qualquer que seja o grupo social discriminado. Ao contrário, recorro à teórica política Ellen Meiksins Wood (2011): além da classe social, as pessoas têm outras identidades sociais, com grande capacidade para dar forma às suas experiências. Por isso, qualquer programa de emancipação precisa ampliar o conhecimento sobre o significado das identidades, entendendo que que elas revelam e o que ocultam sobre a experiência pessoal. O que defendo está em linha com a seguinte reflexão:


[...] a indiferença estrutural do capitalismo pelas identidades sociais das pessoas que explora torna-o capaz de prescindir das desigualdades e opressões extraeconômicas [...] essa mesma indiferença pelas identidades extraeconômicas torna particularmente eficaz e flexível o seu uso como cobertura ideológica pelo capitalismo (Wood, 2011, p. 241).

Nancy Fraser (2009) converge com a constatação de Ellen Wood: o capitalismo no contexto da acumulação flexível introduz uma concepção de mundo tão fragmentária que consegue cooptar as lutas das diversas identidades sociais pelo reconhecimento. Desse modo, o descolamento de uma crítica estrutural pode fazer com que tais lutas contribuam, em momentos específicos, para a expansão capitalista, sem efetivamente garantir a emancipação das identidades exploradas. (O engajamento de alguns bancos em campanhas contra a discriminação e as peças publicitárias supostamente em defesa da diversidade para venda de produtos estão aí para quem quiser ver). 

Por exemplo, ao falar do feminismo, Nancy Fraser defende a reconexão da luta pelo reconhecimento "contra a sujeição personalizada à crítica ao sistema capitalista, o qual, ainda que prometa liberação, de fato substitui um modo dominação por outro” (Fraser, 2009, p. 30).

Portanto, sem enfrentar a questão estrutural econômica, não será possível jogar politicamente de modo efetivo contra uma extrema-direita que lança espantalhos para dissimular o debate público, enquanto entrega o que apoiadores e financiadores de poderosas frações burguesas encomendaram.

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 *Jefferson Nascimento é Doutor em Ciência Política, professor no Instituto Federal de São Paulo (IFSP), membro do Núcleo de Estudos dos Partidos Políticos Latino-Americanos (NEPPLA) e autor do livro "Ellen Wood: o resgate da classe e a luta pela democracia" (Appris)

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Fraser, Nancy (2009). O Feminismo, o Capitalismo e a astúcia da História. Revista Mediações, Londrina, v. 14, n. 2, p. 11-33, jul./dez.

Wood, Ellen M. (2011). Democracia contra o capitalismo: a renovação do materialismo histórico. São Paulo: Boitempo. 


terça-feira, 23 de abril de 2024

A inútil adulação ao mercado

 

Fonte: PalSand/Shutterstock, 2022, Copyright (c)

Renato Nucci Júnior*

    Entre os dias 14 e 19 de março, a Genial/Quaest fez uma nova rodada da pesquisa “O que pensa o mercado financeiro: o governo Lula”[i]. Foram entrevistados 101 operadores do mercado financeiro ligados a 101 fundos de investimentos com sedes em Rio de Janeiro e São Paulo.

    Para 96% dos pesquisados, Lula é pouco ou nada confiável. Já Roberto Campos Neto, o presidente do agora autônomo Banco Central, possui a confiança de 81% dessa gente. Apenas 1% dos pesquisados diz confiar muito em Lula.

    A mesma pesquisa havia sido feita em novembro de 2023. Àquela altura, 52% dos entrevistados afirmaram ter uma visão negativa do governo Lula. Nessa última pesquisa esse índice subiu para 64%, enquanto 30% tinha visão regular e apenas 6% uma visão positiva. Em contraste com o presidente, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, é avaliado positivamente por 50% dos pesquisados. Já Campos Neto foi avaliado positivamente por 94%.

    A causa principal dessa rejeição do mercado financeiro a Lula está, para 50% dos pesquisados, no temor de que o governo aumente sua intervenção na economia. Esse temor é de longe maior do que um eventual estouro da meta fiscal, considerado um risco para 23% dos pesquisados.

    O ameaçador espectro do intervencionismo estatal declarado pelos pesquisados estaria nos constantes atritos de Lula com Campos Neto, presidente do BC, por causa das altas taxas de juros. Do mesmo modo o risco intervencionista estaria na recente decisão do governo de não remunerar com dividendos extraordinários os investidores da Petrobrás e nas críticas de Lula à política da Vale, que deveria estar alinhada ao projeto desenvolvimentista do governo.

    Para 97% dos pesquisados foi uma decisão errada o governo não pagar os dividendos extraordinários alcançados pela Petrobrás com os acionistas. No caso da Vale, 89% declarou que uma intervenção do governo na empresa poderia levar a uma diminuição dos investimentos estrangeiros no Brasil. O temor também se alastra sobre possíveis interferências no Banco Central, que é o responsável por manter uma política fiscal que mantém intacto os interesses do rentismo.

  Como o eixo da acumulação capitalista em nosso país está centrado na especulação financeira, entende-se o temor manifestado pelos agentes do mercado de o governo mexer na Petrobrás e na Vale. Afinal, em termos de volume, ambas são de longe as empresas nacionais que mais pagam dividendos aos seus acionistas.

    Essa é a intervenção estatal temida pelo mercado. É o governo se imiscuir na administração de empresas sobre as quais o rentismo detém relativo nível de participação acionária. Vistas pelo mercado financeiro como empresas cuja finalidade é dar lucro para remunerar acionistas, rejeitam qualquer ingerência estatal que busque redirecionar seu papel no sentido de atender o interesse público, o que afetaria o volume assombroso de lucros e dividendos por elas distribuídos.

    Do mesmo modo, torna-se inaceitável alterar a política básica de juros que remunera os títulos da dívida pública. Em 2017, os fundos de previdência (com 25,5%), fundos de investimentos (com 25,2%) e as instituições financeiras (com 22,3%), eram os principais controladores da dívida pública[ii].

    No Orçamento Geral da União está reservado, para de 2024, R$ 2,5 trilhões destinados a pagaar juros e amortizações da dívida. Segundo matéria do Brasil de Fato de 2016, as aplicações em Títulos e Valores Imobiliários representavam 43% das receitas auferidas pelos bancos nos dois anos anteriores[iii].

    Apesar de todo o falatório sobre as virtudes do mercado livre e das vantagens do Estado mínimo, na prática, impera uma apropriação privada do Estado por pouquíssimos grupos capitalistas, que o utilizam com o propósito exclusivo de facilitar uma acumulação parasitária de capital.

    Outro ponto interessante na pesquisa é o quesito confiança em líderes políticos. Neste caso, Lula é pouco ou nada confiável para 96% dos pesquisados. Nem mesmo Fernando Haddad, responsável por inviabilizar o governo por sua defesa da agenda neoliberal, é bem avaliado pelo mercado. Dentre os pesquisados, 48% confiam pouco ou nada no ministro.

    Para os membros do mercado financeiro que responderam à pesquisa, confiáveis mesmo são os políticos liberais puro-sangue. Aqueles que não cederiam a agenda “populista” da gastança e da irresponsabilidade fiscal. Neste quesito, já como um sinal do candidato preferido dos rentistas, o governador paulista Tarcísio de Freitas é considerado muito confiável para 62% dos pesquisados. Mas o campeão em confiabilidade do mercado é Roberto Campos Neto, cujo índice alcançou 81%.

    Essa pesquisa poderia ensinar ao governo em geral, e a Lula em particular, a inutilidade de adular o mercado financeiro. Manter uma política econômica que corresponde aos seus interesses, não garante apoio dessa gente ao governo e muito menos a Lula. Ao contrário, as desconfianças permanecem, e ainda por cima indispõe o governo com sua base político-eleitoral.

    A razão é simples: o rentismo não aceita discutir os termos do ajuste ultraliberal. Qualquer sinal de mínima alteração ou reforma no modelo é inadmitida e gera reações negativas e de desconfiança. Por isso a rejeição ao governo e a Lula. E pouco lhes importa que o ministro da economia, Fernando Haddad, adule o mercado com o anúncio de medidas antipopulares, como a de flexibilizar os pisos mínimos constitucionais da saúde e educação para garantir a meta do déficit zero[iv].

    O que o mercado quer é um compromisso total e absoluto com sua agenda. Governos que tenham uma base político-eleitoral formada pelas classes populares representam um problema, já que suas expectativas são contrárias a da especulação financeira, pois precisam de algum modo ser atendidas, mesmo que de forma limitada.

    Por isso, mesmo propostas rebaixadas que buscam se aproveitar de pequenas brechas no modelo ultraliberal, como o programa Nova Indústria Brasil, são rechaçados como repetição de velhas fórmulas fracassadas. Os agentes do mercado a justificam pelo temor de descontrole das contas públicas e de uma suposta desconexão do Brasil das cadeias globais de valor[v]. Outro exemplo foi a criminosa declaração de um porta-voz do mercado, de que o crescimento de 2,9% do PIB em 2023 estaria a causar pressões inflacionárias, devendo a expectativa de expansão ser reduzida para abaixo de 2%[vi].

    A política do mercado financeiro, muito interconectado ao sistema financeiro internacional, tem um “projeto” nacional, que é o de proibir a economia brasileira de crescer, de se desenvolver, de garantir algum nível de soberania nacional, de ter preocupações mínimas com geração de emprego e garantia de renda. Pretende-se no fundo manter o país em estado de estagnação e aprofundar uma política de saque e pilhagem da riqueza nacional via privatizações. Para essa malta, na divisão internacional do trabalho, o papel do Brasil é o de se limitar a produzir commodities agrominerais e de sermos um espaço de valorização do capital financeiro globalizado. E só.

    É por esse viés, da manutenção de uma política econômica que no fundamental não altera a vida do povo, mas que garante os enormes lucros da parasitagem financeira, é que a queda na popularidade e nos índices de aprovação do governo deve ser considerada. O problema do governo não é de falta de comunicação, mas falta de política. Se quiser mesmo afastar o risco de volta da extrema-direita na eleição de 2026, o governo precisa urgentemente parar com sua política de adulação ao mercado, que tem destruído o tecido social e alimentado a demagogia do protofascismo.


*Renato Nucci Júnior é ativista da Organização Comunista Arma da Crítica (OCAC). 



[i] https://twitter.com/genialinveste/status/1770442313690427856

[ii] https://monitormercantil.com.br/quem-s-o-os-detentores-da-d-vida-p-blica/

[iii] https://www.brasildefatorj.com.br/2016/07/20/quem-sao-os-proprietarios-da-divida-publica-brasileira

[iv] https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2024/04/flexibilizar-pisos-de-saude-e-educacao-pode-liberar-r-131-bi-para-outros-gastos-ate-2033.shtml

[v] https://einvestidor.estadao.com.br/mercado/por-que-mercado-desaprova-nova-politica-industrial/

[vi] https://www.estadao.com.br/economia/entrevista-alexandre-schwartsman-pib-dificuldade-inflacao/