domingo, 24 de novembro de 2024

Reflexões partilhadas sobre o PPG em Ciências Sociais – Adelia Miglievich

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Reflexões partilhadas sobre o PPG em Ciências Sociais


Adelia Miglievich**

Há prenúncios de boas correções no sistema de avaliação da pós-graduação no Brasil.

Como sempre deveria ter sido, é a MISSÃO do Programa de Pós-Graduação que há de ser avaliada a partir do próximo quadriênio:

1) Formamos mestres e doutores em Ciências Sociais competentes?

2) Entendemos Ciências Sociais como uma área interdisciplinar (ou formamos sociólogos, antropólogos e cientistas políticos, como fazem os Programas de Pós-Graduação desse modelo disciplinar)?

3) Qual a "diferença" positiva de nosso Programa de Pós-Graduação em face de dezenas de outros em Ciências Sociais no Brasil?

4) Se queremos ir além do mercado acadêmico para nossos alunos, a gente pode lhes dar base para o quê mais? Políticas públicas? Gestão não-governamental? Docência da Educação Básica? Sendo assim, nossa grade curricular está adequada?

5) Estamos efetivamente contribuindo com a graduação em CS? Em nossas aulas, orientações, PIBIC, PIBID, integração com a pós?

6) Nossos discentes estão se inserindo, ao longo do curso, na comunidade científica nacional?

7) Suas dissertações e teses estão sendo visibilizadas nos concursos de dissertações/teses?

8) Os resultados de suas pesquisas vêm sendo publicados?

9) Nosso Programa de Pós-Graduação, para além dos núcleos e grupos de pesquisa, tem atraído os pares no campo para estarem aqui conversando conosco?

10) Nossos docentes estão se prestigiando mutuamente e interagindo entre si nos bons trabalhos?

11) Nossos docentes estão colocando o Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em redes nacionais e internacionais exitosas?

12) Os professores têm conseguido aliar sua produção ao perfil do Programa de Pós-Graduação que queremos ser?

13) Nossos egressos estão no mercado fazendo a diferença positiva?

14) Suas teses e dissertações viraram publicações capazes de demonstrar que o investimento neles gerou produção científica para fortalecer o campo das Ciências Sociais?

15) Vamos entender que não são mais os pesquisadores que serão avaliados daqui para a frente, mas o Programa de Pós-Graduação em sua atuação como uma entidade?

16) A comunidade externa está usufruindo de nossa produção de conhecimento?

17) Temos conseguido dar espaço para nossos estudantes e egressos vestirem com orgulho a camisa do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais?

 

Acabará o tempo dos "cavalos de corrida" (algo próximo de um colega com 6 artigos por ano!). Pra quê?.

 Tá na hora de entendermos que o desenvolvimento da ciência no Brasil é um trabalho intergeracional e "mutirão" de milhares de mãos.

 Intergeracional implica: acolher e abrir portas para as novas gerações e novos sujeitos epistêmicos, conforme compreendo.

Mas ... essa não é a lógica do Capital. Portanto, há ethos antípodas em disputa: cooperação versus competição.

Não tenho falsas expectativas. Até porque a política científica está contida nas macropolíticas. Quais governos virão?

 Mas, qualquer coisa no futuro vai depender de uma certa nota que teremos que conquistar até março/25, ainda nos critérios velhos de 2019, aqueles produtivistas ...

E agora?

 Ass: uma trabalhadora intelectual.

* Red and White Domes, Paul Klee. Disponível em: https://www.chrisjoneswrites.co.uk/paul-klees-tunisia-trip/, acesso em 24 de nov. de 2024.

** Adelia Maria Miglievich Ribeiro é professora associada no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo, UFES. É autora, além de dezenas de artigos publicados no Brasil e no exterior, do livro "Darcy Ribeiro, Civilization and Nation: Social Theory from Latin America" publicado pela Routledge neste 2024.

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