quarta-feira, 1 de maio de 2024

1º DE MAIO: DIA INTERNACIONAL DE LUTA DA CLASSE TRABALHADORA

Por Justiça sem penhor!

Despertando em madrugada 
Ou logo que o sol sacode
Dormir muito, ninguém pode
Há dever com uma jornada
Topando qualquer parada
Sem esperar a vocação 
No suor, na precisão, 
Enfrentando o dia a dia
Pra adquirir moradia
Pra ter na mesa o pão

E assim, o trabalhador
Com o tempo foi caminhando 
Depois de um tempo, pensando...
Que há mundo enganador
Sob esse sol há senhor
Que lucra de forma errada
Que nunca tocou em enxada
E cruelmente ordenou
Com conversa doutrinou
Teve palavra lograda

A conscientização 
Leva o homem pra frente
Torna o cabra valente 
Pronto pra revolução 
E contra a exploração 
O trabalhador foi forte,
Maio, em primeiro, era norte,
Todos com uma visão 
Operários em união 
Foi greve como suporte

O dia pra ser o dia
Aconteceu após luta
Maio cresce nessa escuta
Assim que ele se inicia
Falando a cada Maria
E José trabalhador, 
Mostrando o seu valor
Gritando pelo Direito,
Por Justiça com efeito,
Por proteção sem penhor

(Cristine Nobre Leite*, 01/05/2024)

    Em atenção ao Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora, reproduzimos a Nota Semanal de Conjuntura elaborada pela OCAC - Organização Comunista Arma da Crítica**.

    Neste 1º de Maio a classe trabalhadora comemora sua data magna. É o dia em que se rememora o martírio de 6 trabalhadores enforcados nos Estados Unidos em 1886, por liderarem a luta pela redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias. O Dia do Trabalhador carrega consigo desde a sua origem o signo da rebeldia do trabalho contra a exploração do capital. É esse o espírito que deve marcar as comemorações do 1º de Maio: um dia de luta, sem patrões e sem governo, que denuncie os crimes da burguesia contra o povo, e que indique o socialismo como único caminho para se acabar com a exploração e avançar em seus direitos.

    Como ensina o professor José Luiz Del Roio, o 1º de Maio é a única grande data comemorada em todo o mundo. Nenhum outro festejo, cívico ou religioso, no Ocidente ou no Oriente, no Norte ou no Sul global, adquiriu essa dimensão. Outras datas comemorativas têm significados nacionais ou regionais para um determinado povo, ou para adeptos de uma religião. Mas só o 1º de Maio une todos os povos do mundo num mesmo clamor, independente de sua nacionalidade, sexo ou religião.

    Isso faz do 1º de Maio, em sua essência, uma data internacionalista. É o momento de se saudar todos os povos do mundo que lutam contra a exploração causada pelo capitalismo e o colonialismo. Em especial, neste ano saudamos a luta do povo palestino e sua heroica resistência frente ao agressor sionista. Israel executa uma guerra de extermínio contra os palestinos da Faixa de Gaza. Como todo povo que enfrenta um poder colonial, os palestinos têm o direito de recorrer a qualquer meio de luta para alcançar sua libertação. Defendemos uma Palestina livre do rio ao mar, com o fim do genocídio praticado pelo Estado de Israel.

    No Brasil, registram-se comemorações do 1º de Maio desde o final do século XIX. Com o aumento da classe operária se intensificam suas lutas por melhores condições de vida e de trabalho. Proibido pelas autoridades, as comemorações do 1º de Maio eram marcadas pelos frequentes choques entre trabalhadores e policiais. O 1º de Maio só se torna feriado nacional em 1925 no governo Artur Bernardes. Sob a ditadura do Estado Novo, Getúlio Vargas se aproveita do prestígio do Dia dos Trabalhadores e anuncia a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em 01 de maio de 1943. Na ditadura militar, as comemorações do 1º de Maio não foram completamente proibidas, mas se tornaram festejos com caráter governista e patronal que pregava a conciliação de classe. O 1º de Maio com caráter de luta e classista é retomado a partir das greves metalúrgicas do ABC no final da década de 1970, que recolocam a data dentro de seu espírito original.

    Este 1º de Maio acontece em condições dificílimas para a massa trabalhadora brasileira. Desde o golpe do impeachment, em 2016, assistimos a um aprofundamento da agenda ultraliberal que destrói direitos trabalhistas e previdenciários. Aprofundou-se a precarização do trabalho. Cresceu a violência dos aparelhos jurídico-repressivos do Estado contra a população pobre e preta das periferias. No campo, o agronegócio mantém sua política de expropriação da terra pela expulsão e morte de sem terra, posseiros, indígenas, quilombolas e ribeirinhos.

    Toda essa agenda de retrocessos visa um só objetivo: reproduzir uma estrutura social das mais desiguais do mundo, em que 1% da população concentra 63% da riqueza do país, de acordo com dados da Oxfam. É para isso que foi feito o golpe em 2016. E é por isso que amplas frações burguesas no Brasil se deslocaram para a extrema-direita e o bolsonarismo. Formas fascistas de dominação política são, no atual estágio da acumulação de capital no Brasil, a forma mais adequada de sustentar a autocracia burguesa.  

    O atual governo, nesse cenário, ainda pode representar um ponto de virada na tendência histórica que quer aprofundar os mecanismos de superexploração do povo. Mas, para isso, exige-se que abandone as políticas econômica e fiscal de interesse da especulação financeira; que abandone a obsessão pelo déficit zero; que use o dinheiro público para investimento público; que revogue as reformas trabalhistas e da previdência; que retome as estatais privatizadas; que convoque o povo à luta.

    É no enfrentamento às condições concretas da exploração que os trabalhadores forjarão sua consciência e organização rumo à construção do socialismo.

    Viva o 1º de Maio!

    Viva a classe trabalhadora! 


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* Cristine Nobre Leite é Cirurgiã-Dentista formada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), ativista da OCAC e cordelista da Academia de Cordel do Vale do Paraíba.

** Nota Semanal de Conjuntura (Nota 17 - Ano VI), de 30 de abril de 2024, da Organização Comunista Arma da Crítica (OCAC).

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