Por Justiça sem penhor!
Despertando em madrugadaOu logo que o sol sacodeDormir muito, ninguém podeHá dever com uma jornadaTopando qualquer paradaSem esperar a vocaçãoNo suor, na precisão,Enfrentando o dia a diaPra adquirir moradiaPra ter na mesa o pãoE assim, o trabalhadorCom o tempo foi caminhandoDepois de um tempo, pensando...Que há mundo enganadorSob esse sol há senhorQue lucra de forma erradaQue nunca tocou em enxadaE cruelmente ordenouCom conversa doutrinouTeve palavra logradaA conscientizaçãoLeva o homem pra frenteTorna o cabra valentePronto pra revoluçãoE contra a exploraçãoO trabalhador foi forte,Maio, em primeiro, era norte,Todos com uma visãoOperários em uniãoFoi greve como suporteO dia pra ser o diaAconteceu após lutaMaio cresce nessa escutaAssim que ele se iniciaFalando a cada MariaE José trabalhador,Mostrando o seu valorGritando pelo Direito,Por Justiça com efeito,Por proteção sem penhor
(Cristine Nobre Leite*, 01/05/2024)
Em atenção ao Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora, reproduzimos a Nota Semanal de Conjuntura elaborada pela OCAC - Organização Comunista Arma da Crítica**.
Neste 1º de Maio a classe trabalhadora comemora sua data magna. É o dia em que se rememora o martírio de 6 trabalhadores enforcados nos Estados Unidos em 1886, por liderarem a luta pela redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias. O Dia do Trabalhador carrega consigo desde a sua origem o signo da rebeldia do trabalho contra a exploração do capital. É esse o espírito que deve marcar as comemorações do 1º de Maio: um dia de luta, sem patrões e sem governo, que denuncie os crimes da burguesia contra o povo, e que indique o socialismo como único caminho para se acabar com a exploração e avançar em seus direitos.
Como ensina o professor José Luiz Del
Roio, o 1º de Maio é a única grande data comemorada em todo o mundo. Nenhum
outro festejo, cívico ou religioso, no Ocidente ou no Oriente, no Norte ou no
Sul global, adquiriu essa dimensão. Outras datas comemorativas têm significados
nacionais ou regionais para um determinado povo, ou para adeptos de uma
religião. Mas só o 1º de Maio une todos os povos do mundo num mesmo clamor,
independente de sua nacionalidade, sexo ou religião.
Isso faz do 1º de Maio, em sua essência, uma data internacionalista. É o momento de se saudar todos os povos do mundo que lutam contra a exploração causada pelo capitalismo e o colonialismo. Em especial, neste ano saudamos a luta do povo palestino e sua heroica resistência frente ao agressor sionista. Israel executa uma guerra de extermínio contra os palestinos da Faixa de Gaza. Como todo povo que enfrenta um poder colonial, os palestinos têm o direito de recorrer a qualquer meio de luta para alcançar sua libertação. Defendemos uma Palestina livre do rio ao mar, com o fim do genocídio praticado pelo Estado de Israel.
No Brasil, registram-se comemorações do 1º de Maio desde o final do século XIX. Com o aumento da classe operária se intensificam suas lutas por melhores condições de vida e de trabalho. Proibido pelas autoridades, as comemorações do 1º de Maio eram marcadas pelos frequentes choques entre trabalhadores e policiais. O 1º de Maio só se torna feriado nacional em 1925 no governo Artur Bernardes. Sob a ditadura do Estado Novo, Getúlio Vargas se aproveita do prestígio do Dia dos Trabalhadores e anuncia a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em 01 de maio de 1943. Na ditadura militar, as comemorações do 1º de Maio não foram completamente proibidas, mas se tornaram festejos com caráter governista e patronal que pregava a conciliação de classe. O 1º de Maio com caráter de luta e classista é retomado a partir das greves metalúrgicas do ABC no final da década de 1970, que recolocam a data dentro de seu espírito original.
Este 1º de Maio acontece em condições
dificílimas para a massa trabalhadora brasileira. Desde o golpe do impeachment,
em 2016, assistimos a um aprofundamento da agenda ultraliberal que destrói
direitos trabalhistas e previdenciários. Aprofundou-se a precarização do
trabalho. Cresceu a violência dos aparelhos jurídico-repressivos do Estado
contra a população pobre e preta das periferias. No campo, o agronegócio mantém
sua política de expropriação da terra pela expulsão e morte de sem terra,
posseiros, indígenas, quilombolas e ribeirinhos.
Toda essa agenda de retrocessos visa um
só objetivo: reproduzir uma estrutura social das mais desiguais do mundo, em
que 1% da população concentra 63% da riqueza do país, de acordo com dados da
Oxfam. É para isso que foi feito o golpe em 2016. E é por isso que amplas
frações burguesas no Brasil se deslocaram para a extrema-direita e o
bolsonarismo. Formas fascistas de dominação política são, no atual estágio da
acumulação de capital no Brasil, a forma mais adequada de sustentar a
autocracia burguesa.
O atual governo, nesse cenário, ainda
pode representar um ponto de virada na tendência histórica que quer aprofundar
os mecanismos de superexploração do povo. Mas, para isso, exige-se que abandone
as políticas econômica e fiscal de interesse da especulação financeira; que
abandone a obsessão pelo déficit zero; que use o dinheiro público para
investimento público; que revogue as reformas trabalhistas e da previdência;
que retome as estatais privatizadas; que convoque o povo à luta.
É no enfrentamento às condições
concretas da exploração que os trabalhadores forjarão sua consciência e
organização rumo à construção do socialismo.
Viva o 1º de Maio!
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